Introdução aos Dilemas Morais
Os dilemas morais são situações hipotéticas em que precisamos tomar decisões difíceis. A nossa resposta pode variar dependendo se o dilema é apresentado na nossa língua nativa ou em uma segunda língua. Um exemplo clássico é o dilema do bonde.
O Dilema do Bonde
Uma pergunta que resume esse dilema é: você sacrificaria uma pessoa para salvar cinco? No dilema, um trem descontrolado está se aproximando de cinco trabalhadores nos trilhos. Uma opção válida é puxar uma alavanca para desviar o trem para outro trilho, onde há apenas uma pessoa. Esta decisão é considerada uma abordagem utilitarista, pois visa minimizar o dano — aceitar uma morte para salvar cinco.
Outra versão do dilema coloca a opção de empurrar uma pessoa nos trilhos para desviar o trem. Por conta da ação direta envolvida, essa alternativa tende a gerar uma resposta deontológica, onde muitos optam por não agir e deixam o trilho como está.
Aspectos das Respostas
As respostas a esses dilemas variam conforme a avaliação individual do custo-benefício. Por exemplo:
- Pessoas religiosas costumam optar pela abordagem deontológica, talvez por acreditarem que o que ocorrer faz parte da vontade divina.
- Se a pessoa no trilho é um ente querido, a avaliação de custo-benefício pode mudar drasticamente.
Influência do Idioma nas Decisões
As características pessoais também têm um papel importante nas decisões em dilemas morais. Pesquisas mostram que pessoas bilíngues podem ter respostas diferentes, dependendo do idioma utilizado. Quando um dilema é apresentado na língua nativa, a tendência é pela resposta deontológica, enquanto que na segunda língua, respostas utilitaristas são mais comuns.
O Efeito da Segunda Língua
Este fenômeno, chamado de efeito da língua estrangeira, ocorre mesmo quando o segundo idioma é aprendido desde a infância. O estudo focou em bilíngues de catalão e castelhano, onde não se encontrou uma diferença significativa nas decisões morais entre os dois idiomas.
Traços de Personalidade e Decisões Morais
Um fator que pode influenciar decisões morais é a presença de traços de personalidade psicopática, como a ousadia, desinibição e malevolência. Tais traços não são exclusivos de psicopatas e podem ser observados em várias pessoas. O estudo sugere que indivíduos com mais traços psicopáticos tendem a tomar decisões utilitaristas.
Variáveis nos Dilemas
Outros aspectos, como a plausibilidade e o impacto emocional dos dilemas, também afetam as decisões morais. Dilemas que são percebidos como mais vívidos e realistas geraram mais respostas utilitaristas, especialmente entre aqueles com traços elevados de malevolência.
Importância do Contexto na Tomada de Decisão
A ausência do efeito da segunda língua em bilíngues de catalão e castelhano pode estar relacionada à forte conexão linguística e cultural entre ambos. A troca frequente entre esses idiomas na educação e na vida social de Maiorca pode atuar como um elemento de proteção contra esse efeito.
O estudo traz novas informações sobre como fatores como personalidade e contexto podem influenciar decisões morais. Ele ressalta que, mesmo que não estejamos plenamente conscientes disso, nossas escolhas são moldadas por emoções, linguagem e traços pessoais.