Indicação de Gabriel Galípolo para o Banco Central
O plenário do Senado aprovou, na última terça-feira (8), a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central (BC). A decisão será comunicada ao Palácio da Alvorada.
A votação obteve um total de 66 votos a favor, cinco contrários e nenhuma abstenção. Anteriormente, o nome de Galípolo já havia sido aprovado por unanimidade na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
Ele foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e assumirá o cargo de presidente do BC no lugar de Roberto Campos Neto, que encerra seu mandato em 31 de dezembro deste ano.
Sabatina do Economista
No início da tarde da mesma terça-feira, Galípolo passou por uma sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, que durou quase 4 horas e contou com a relatoria do senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo na Casa. O resultado foi de 26 votos favoráveis e nenhum contrário.
Durante a sabatina, Galípolo assegurou que, em suas conversas com o presidente, recebeu a garantia de “liberdade na tomada de decisões” e se comprometeu a trabalhar em prol dos interesses da população. Ele ainda negou ter sofrido qualquer tipo de pressão por parte de Lula.
“Eu jamais sofri, seria muito leviano da minha parte dizer que o presidente Lula fez qualquer tipo de pressão em cima de mim sobre qualquer tipo de decisão”, afirmou Galípolo.
Ele também destacou ter um bom relacionamento tanto com Lula quanto com Campos Neto, afastando rumores de divergências ou polarizações.
Críticas ao Atual Presidente do BC
No último ano, Campos Neto sofreu críticas públicas de Lula e seus aliados, especialmente em relação ao patamar da Selic, a taxa básica de juros. O governo visa e pressiona pela redução dessa taxa.
Na sabatina, senadores da oposição fizeram elogios a Campos Neto, mas manifestaram apoio à indicação de Galípolo, chamando-o de presidente.
Quando questionado sobre a autonomia do BC, Galípolo afirmou: “Metas são estabelecidas pelo poder eleito e cabe ao BC perseguir as metas definidas por quem foi eleito”.
Perfil de Gabriel Galípolo
Antes de assumir o cargo de diretor de política monetária do Banco Central, em meados do ano passado, Galípolo foi secretário-executivo no Ministério da Fazenda, onde atuou como “número 2” da pasta.
Natural de São Paulo e com 42 anos, Galípolo é formado em Ciências Econômicas, possui mestrado em Economia Política e uma pós-graduação em política econômica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Ele iniciou sua trajetória no setor público em 2007, no governo de José Serra (PSDB). No setor privado, foi destacado como líder do Banco Fator entre 2017 e 2021 e já escreveu obras com o economista Luiz Gonzaga Beluzzo.
Desafios e Expectativas
Nos últimos meses, Galípolo se tornou uma figura central nas discussões do mercado financeiro devido a declarações que sugeriam um novo ciclo de aumento nos juros pelo BC.
Desde maio, a Selic estava em 10,5% ao ano, sendo elevada para 10,75% na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em setembro. Galípolo se mostrou firme em sua disposição de aumentar a taxa, caso fosse necessário para manter a inflação sob controle.
O economista participou de nove decisões do Comitê, apoiando a redução da taxa de juros em 0,5 ponto a partir de agosto de 2023. Ele participou ativamente das discussões, incluindo a controversa reunião de maio, quando houve divisão entre os membros sobre a velocidade das reduções.