Operação contra Rogério de Andrade
Rogério de Andrade, uma figura proeminente na contravenção, é alvo de uma operação que investiga um grupo de extermínio vinculado ao jogo do bicho. A operação foi realizada na manhã de quarta-feira, 9, no Rio de Janeiro. Entre os envolvidos estão ex-policiais e policiais militares associados a Rogério e a Flávio da Silva Santos, que é presidente da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel.
A Ascensão de Rogério de Andrade
Rogério de Andrade, sobrinho de Castor de Andrade – conhecido como o primeiro bicheiro famoso do Rio – assumiu os negócios da família após a morte do tio em 1997. Essa sucessão aconteceu após uma intensa disputa pelo poder.
Rogério era o braço direito de Castor e deveria compartilhar a administração dos negócios ilegais com o filho de Castor, Paulo Roberto de Andrade, e o ex-cunhado, Fernando Iggnácio. Contudo, Paulinho foi assassinado em 1998, e Fernando Iggnácio foi morto em um heliponto em novembro de 2020. Após esses homicídios, Rogério se tornou o único herdeiro do império de Castor, que incluía diversas empresas e atividades relacionadas ao jogo do bicho, como bingos e cassinos na zona oeste do Rio de Janeiro.
Conflitos com Novas Gerações
Desde a década de 1970, os bicheiros do Rio tinham uma divisão de territórios para evitar conflitos. Porém, as novas gerações reabriram antigos conflitos, especialmente ao disputarem pontos de jogos e o controle das máquinas caça-níqueis.
Atualmente, Rogério enfrenta uma disputa violenta com Bernardo Bello, outro bicheiro que assumiu o controle de uma região após disputas familiares. Além deles, outros nomes conhecidos na nova cúpula do jogo do bicho incluem Adilson Coutinho Oliveira Filho, conhecido como Adilsinho, e Vinicius Drumond, filho de Luizinho Drumond, um bicheiro que faleceu em 2020.
Atentados e Violência
Na luta pelo controle dos pontos de jogo, Rogério de Andrade se tornou um dos alvos. Em um atentado em 2010, explosivos foram colocados em seu carro. Diogo de Andrade, seu filho, que estava ao volante, não sobreviveu, enquanto Rogério sofreu ferimentos no rosto.
Relação com o Carnaval
Assim como seu tio, Rogério de Andrade tem uma forte conexão com o Carnaval do Rio de Janeiro. Ele é o patrono da Mocidade Independente de Padre Miguel, escola de samba da qual sua esposa, Fabíola de Andrade, atua como rainha de bateria. Em 2022, Rogério não pôde comparecer à Sapucaí devido a uma prisão domiciliar.
Após o desfile, ele postou uma imagem em seu Instagram que gerou especulações sobre sua presença na Sapucaí, pois o mascote da escola é um castor, homenagem a Castor de Andrade.
Prisão e Operação Calígula
Rogério foi preso em agosto de 2022 durante a Operação Calígula, que visava desmantelar uma organização criminosa envolvida em jogos de azar no Rio. Investigações indicaram que ele e seu filho, Gustavo Andrade, estavam à frente da organização. Em abril de 2023, o STF derrubou as medidas cautelares que lhe foram impostas, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica.
Grupo de Extermínio e Corrupção
No contexto da operação, foi encontrada uma lista de pagamentos de propinas a policiais. O Ministério Público do Rio revelou que Rogério gastava mais de R$ 207 mil por mês em seguranças particulares, recrutando, inclusive, policiais militares. Desses, 17 foram presos sob acusações de colaborar na segurança do bicheiro.
As investigações mostraram que os seguranças atuavam em zonas disputadas e usavam estratégias enganosas para disfarçar sua ligação com Rogério.
Na operação deflagrada em 9 de agosto, a polícia cumpriu mandados de prisão de ex-policiais militares investigados por homicídio qualificado, relacionados a áreas sob domínio de Rogério de Andrade. O grupo em questão é suspeito de realizar diversos assassinatos a serviço do contraventor.