Desaparecimento de Corpos no Rio de Janeiro
Um levantamento feito pelo Ministério Público revelou que aproximadamente 5.500 corpos de vítimas de violência estão desaparecidos no estado do Rio de Janeiro. Muitos desses corpos localizados são enterrados como indigentes, enquanto alguns são identificados, mas as famílias permanecem sem informações.
Identificação de Vítimas
No Instituto de Pesquisa e Perícia em Genética Forense da Polícia Civil (IPPGF-PC), um trabalho incessante é realizado para identificar essas vítimas. A cada ano, o laboratório emite até 2.500 laudos de DNA relacionados a corpos não identificados, além de análises de evidências coletadas nos locais de crime e coleta de DNA dos familiares de desaparecidos. É importante destacar que o Rio de Janeiro representa 20% do total de amostras inseridas no Banco Nacional de Desaparecidos.
Alípio Santos Rocha, diretor do IPPGF-PC, explica que a ocultação de cadáveres é uma prática comum que dificulta a identificação das vítimas. Segundo ele, há uma defasagem significativa entre a demanda e a oferta de soluções para esses casos, embora esforços estejam sendo feitos para aumentar a eficiência por meio de recursos tecnológicos.
Números Incertos e Práticas Criminosas
O número exato de pessoas assassinadas cujas famílias não sabem o paradeiro dos corpos é incerto. Isso se deve a diversos fatores, como:
- Práticas criminosas de ocultação de cadáveres;
- Subnotificação de óbitos que não são registrados pela polícia;
- Falta de comunicação das autoridades com as famílias sobre as identificações realizadas.
O Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos do Ministério Público do Rio possui atualmente 7.276 registros de desaparecidos localizados, dos quais:
- 3.623 ainda não foram identificados;
- 3.653 foram identificados, mas as famílias não foram informadas.
Segundo o MP, cerca de 75% desses casos envolvem mortes violentas. Embora os números não sejam definitivos, eles indicam que ao menos 5.467 corpos de crimes continuam desaparecidos. André Luiz Souza Cruz, responsável pelo PLID-MPRJ, afirma que o estado tem a obrigação de buscar respostas para as famílias afetadas, que muitas vezes se veem forçadas a entrar com ações judiciais devido à omissão ou negligência do governo.
Documentário sobre o Tema
O drama das famílias afetadas por essa situação é retratado em um documentário intitulado “Paradeiros”, que explora a história de uma mãe que perdeu o filho em uma chacina realizada pela milícia. A mulher conta que seu filho foi apreendido por milicianos e morto na presença de várias testemunhas. Apesar de ter buscado informação diretamente com os criminosos, as autoridades não conseguiram localizar o corpo.
Após meses em busca de respostas, a mãe conseguiu reconhecer parte do corpo do filho, que estava no IML. Contudo, mesmo após a confirmação da identidade através de DNA, as autoridades não souberam informar onde o corpo estava enterrado. A dor dessa mãe, que perdeu o filho em distintas circunstâncias, reflete a gravidade da situação no estado.
Rita Piffer, diretora do filme, observa que essas mães vivem experiências traumáticas duplas: a perda de seus filhos e a frustração por não saberem o que aconteceu com os corpos. Segundo ela, é uma questão séria que precisa ser discutida em nossa sociedade.