Impactos da Política de Juros na Dívida Pública
O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, afirmou em uma recente conferência que a política de juros influencia diretamente o custo da dívida do governo. No entanto, ele ressaltou que a autoridade monetária deve focar em sua principal meta: controlar a inflação.
Análise de Gastos Públicos
Durante eventos organizados por instituições financeiras em Washington, Guillen mencionou que realizou um estudo inicial para investigar como os anúncios de gastos públicos afetam as condições financeiras e a inflação. Ele argumentou que os efeitos desses gastos devem ser considerados nas avaliações de política monetária do Banco Central.
A equipe econômica tem destacado a alta do custo da dívida pública em relação à taxa básica de juros, que vincula uma fração significativa dos títulos públicos do governo. Essa situação gerou previsões pessimistas sobre a estabilização da dívida federal.
Declarações sobre a Taxa de Juros
Guillen afirmou: “Quando pensamos sobre o melhor caminho para a taxa de juros, temos que considerar nossa estrutura e nosso mandato. Não podemos nos desviar disso.” Ele reconheceu que alterações nas taxas de juros realmente afetam o serviço da dívida pública, mas enfatizou que o foco principal deve ser a inflação.
Dominância Fiscal e suas Implicações
O diretor comentou que não observa nenhum sinal de dominância fiscal no Brasil. Este fenômeno ocorre quando um desequilíbrio orçamentário do governo diminui a eficácia da política monetária, exacerbando os problemas fiscais.
Ele afirmou que, para que a dominância fiscal ocorra, seria necessário um Banco Central que respondesse de forma passiva a dados econômicos, o que, segundo ele, não é o caso atual.
Novo Estudo sobre Política Fiscal
Guillen apresentou também uma conclusão preliminar sobre um estudo que analisa os efeitos de uma política fiscal expansionista na inflação. Ele destacou que os gastos do governo aumentaram em 7,8% em termos reais entre janeiro e julho de 2024.
Segundo o diretor, os anúncios fiscais provocam alterações na curva de juros. Um aumento nas despesas públicas tende a elevar os juros futuros e pode ter um efeito contracionista na demanda devido às oscilações no câmbio. Contudo, a pesquisa sugere que essas mudanças podem ter um efeito inflacionário ainda mais significativo.
Ele explicou: “Mesmo com a contração na demanda, o choque fiscal pode reduzir o crescimento ao mesmo tempo em que aumenta a inflação.”
Guillen também mencionou que o modelo atual do Banco Central analisa apenas o impacto fiscal sobre a demanda, considerando os efeitos secundários como um “modelo satélite”. Ele ressaltou a importância de incluir a influência da política fiscal nas condições financeiras nas avaliações futuras.
Encerramento
O diretor finalizou sua apresentação destacando a necessidade de adaptações na análise dos efeitos da política fiscal. Mencionou que um olhar mais holístico sobre as condições financeiras pode ser essencial para melhor compreensão das interações econômicas.