Operação Contra Quadrilha de Presidiários
A Polícia Civil do Rio de Janeiro realizou uma ação contra a criminalidade entre os detentos, focando nos presidiários que utilizam telefones celulares. Esta quadrilha é responsável por dominar cerca de 42% da população carcerária no estado.
Golpe do Falso Sequestro
Um dos métodos utilizados pelos criminosos inclui o famoso golpe do falso sequestro. Presos ligam para as vítimas, se passando por sequestradores, e exigem depósitos imediatos para o suposto resgate de um familiar. Abaixo, um exemplo de diálogo entre um bandido e uma vítima:
- Bandido: “Pai, fala com o moço e não pode falar nada com ninguém, está ouvindo, pai? Eu estou machucada.”
- Bandido: “Deixa que eu falo com ele. Alô, o senhor é o que da Maria?”
- Vítima: “Eu sou irmão dela.”
- Bandido: “Tá. Eu posso confiar no senhor ou vou ter que dar uma ‘bala’ aqui agora? Hein? É um assalto, tudo bem?”
Identificação da Quadrilha
A quadrilha investigada é conhecida como “Povo de Israel”, uma facção criminosa com cerca de 20 anos de existência e que atualmente controla aproximadamente 18 mil detentos em 13 unidades prisionais. Segundo o delegado William Pena Junior, a facção estava envolvida em diversas atividades ilegais, principalmente no golpe do falso sequestro, além de tráfico de drogas.
Movimentação Financeira da Facção
Uma investigação revelou que, nos últimos dois anos, a quadrilha movimentou cerca de R$ 70 milhões, a maior parte proveniente de golpes realizados por telefone. O relatório indicou que a entrada dos celulares nas prisões foi facilitada por corrupção de policiais penais, que teriam recebido propinas de aproximadamente R$ 400 mil.
Apreensões e Mandados de Busca
Nos últimos dois anos, a Secretaria de Administração Penitenciária do estado apreendeu quase 7 mil celulares nas unidades prisionais sob o domínio da facção. Na operação realizada, foram cumpridos 44 mandados de busca e apreensão, incluindo endereços ligados a cinco policiais penais.
Dinheiro Lavado e Soluções para o Problema
Para disfarçar a origem ilícita de seu dinheiro, a quadrilha utilizou lojas de joias localizadas em Copacabana e uma lotérica na cidade de Apiacá, no Espírito Santo.
Embora o uso de bloqueadores de sinal para celular nas prisões possa ser uma solução para este problema, atualmente nenhuma unidade penitenciária do estado possui essa tecnologia. A secretária de Administração Penitenciária, Maria Rosa Loduca, afirmou estar em processo de licitação para a aquisição desses dispositivos, com a expectativa de que sejam instalados até dezembro ou janeiro do próximo ano.