Interdição do Laboratório PCS
A Vigilância Sanitária interditou o laboratório PCS, localizado em Nova Iguaçu, que realizava os testes para doação de órgãos. A medida foi tomada após a confirmação de que seis pacientes haviam contraído o vírus HIV após receberem transplantes realizados com órgãos que haviam recebido laudos positivos para a segurança.
Resultados Inesperados dos Testes
O laboratório PCS foi responsável por emitir laudos de testes que garantiam a ausência do HIV em doadores. Um dos resultados, datado de 23 de janeiro de 2024, indicava que o doador estava negativo para o vírus. Um exame similar, realizado em 25 de maio, também resultou negativo para uma doadora. Com esses laudos, os órgãos foram liberados para os transplantes.
Identificação da Contaminação
Em setembro, um dos pacientes que recebeu órgãos de um dos doadores, apresentando sintomas neurológicos, foi diagnosticado com HIV. O hospital notificou a Secretaria Estadual de Saúde, que iniciou uma investigação sobre a origem da infecção.
Uma amostra do sangue do doador foi armazenada no Hemocentro do Rio, onde o Hemorio refez os testes, confirmando a positividade para o HIV.
Pacientes Atingidos
Os dados levantados indicaram que seis pacientes foram afetados. Entre os doadores, um homem de 28 anos doou diversos órgãos, incluindo coração e rins, e os receptores testaram positivo para HIV. Uma mulher de 40 anos, que também doou rins e fígado, teve resultados semelhantes em três de seus receptores.
Fiscalização e Falhas do Laboratório
Durante uma fiscalização, a Vigilância Sanitária não encontrou os kits de teste de HIV no laboratório. Os fiscais solicitaram a documentação dos testes realizados e as notas fiscais de compra, mas o laboratório não apresentou provas de que os testes tinham sido feitos corretamente. A Polícia está investigando a veracidade das informações fornecidas pelo PCS.
Contratação e Relações Pessoais
O laboratório PCS, onde Matheus Vieira é um dos sócios, foi contratado três meses após a saída do ex-secretário estadual de Saúde, Dr. Luizinho. A contratação, em um pregão, foi para a realização de análises de transplantes no valor de R$ 11 milhões.
O diretor da Central Estadual de Transplantes mencionou em um ofício que não foi consultado durante o processo de licitação para a contratação do laboratório e expressou inquietações sobre a habilitação do PCS.
Resposta do Laboratório e Investigação das Autoridades
Em resposta às acusações, o laboratório alegou ter aberto uma sindicância interna para investigar as falhas nos diagnósticos de HIV. O PCS afirmou ter utilizado kits recomendados pelo Ministério da Saúde e pela Anvisa durante o período em que prestou serviços ao governo do estado.
O Ministério da Saúde, em colaboração com a Polícia Civil, Ministério Público, Conselho Regional de Medicina e a Secretaria de Saúde, está conduzindo investigações aprofundadas. Um total de 286 amostras de doadores será reavaliado, com o Hemorio assumindo a responsabilidade de realizar os novos testes.
Reconhecimento do Sistema de Transplantes no Brasil
O Brasil é reconhecido por ter um dos maiores e mais seguros sistemas de transplantes do mundo, sendo o segundo país que mais realiza transplantes, perdendo apenas para os Estados Unidos. A coordenadora da Comissão de Infecção em Transplante da ABTO ressaltou que o sistema segue rigorosas normativas e recomendações regulamentadas.
Compromisso com a Segurança
A secretária estadual de Saúde do Rio de Janeiro reiterou seu compromisso com a segurança do sistema de transplantes e enfatizou a importância da doação de órgãos, que já salvou muitas vidas no estado.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que a Polícia Federal também participará da investigação do caso.