Incêndio na Terra Indígena Anambé
O Ministério Público Federal (MPF) iniciou uma série de investigações sobre megaincêndios na Terra Indígena (TI) Anambé, localizada em Moju, no nordeste do Pará. O fogo, que começou em 28 de outubro, já devastou mais da metade da área indígena, levantando suspeitas de que sua origem seja um incêndio criminoso proveniente de uma fazenda vizinha.
Coleta de Informações pelo MPF
O MPF tem cobrado informações de órgãos públicos sobre as ações para combater o incêndio e proteger os indígenas. Dados coletados foram encaminhados para análise da equipe responsável pela abertura de uma investigação criminal ambiental. A comunidade indígena, que está acampada na fronteira do território, batalha para combater as chamas, enfrentando escassez de alimentos e água potável.
As lideranças Anambé destacam que o número de brigadistas do Corpo de Bombeiros é insuficiente para lidar com a situação. Os indígenas têm se empenhado no combate ao fogo, embora faltem equipamentos e capacitação adequados. Além disso, o clima seco e a vegetação da área favorecem a rápida propagação das chamas.
Demandas do Procurador da República
O procurador Oswaldo Poll Costa fez solicitações a diversos órgãos, incluindo:
- Ibama e Corpo de Bombeiros do Pará: informações sobre as ações de combate ao incêndio, incluindo o número de brigadistas e equipamentos disponíveis. O Ibama também deve fornecer uma avaliação preliminar dos danos à fauna e flora;
- Diretoria de Licenciamento do Ibama: condicionantes para prevenção e combate a incêndios florestais relacionadas a licenciamentos de empresas do setor elétrico;
- Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai): medidas de assistência aos indígenas afetados, como fornecimento de água, alimentos, medicamentos e itens de primeira necessidade;
- Defesa Civil do Estado do Pará e de Moju: ações para garantir a segurança e bem-estar da comunidade indígena, especialmente em relação à segurança alimentar;
- Coordenação Regional da Funai: manifestação sobre a inclusão da TI Anambé no Programa de Brigadas Federais Indígenas de 2024;
- Polícia Federal: investigações para apurar a suspeita de que o incêndio se originou em uma fazenda vizinha.
O Corpo de Bombeiros já havia informado que está atuando com equipes especializadas na região de Moju.
Impacto na Comunidade Indígena
A TI Anambé, que tem uma extensão equivalente a 8 mil campos de futebol e abriga as aldeias Mapurupy, Yrapã e Yetehu, conta com aproximadamente 200 indígenas residentes. A propagação do incêndio compromete a produção de alimentos e gera uma densa fumaça que afeta a saúde da população local, especialmente crianças e idosos.
A comunidade enfrenta um aumento na falta de recursos essenciais, como água e alimentos. Para minimizar os impactos das queimadas, os próprios indígenas organizaram uma campanha de doação, solicitando:
- Água mineral;
- Alimentos não perecíveis;
- Itens de higiene pessoal;
- Equipamentos para apoio na brigada de incêndio.
As doações podem ser entregues na Rua Gonçalves Ferreira, 471, no bairro do Telégrafo, em Belém. Para mais informações, é possível contatar Danielle Anambé pelo telefone (91) 99921-2790.