A Morte de Yahya Sinwar e seu Impacto no Hamas
A morte de Yahya Sinwar representa um importante golpe para o Hamas, de acordo com especialistas. Frank Gardner, correspondente de segurança da BBC, descreve essa perda como um “abalo sísmico” para o grupo radical. Sinwar foi escolhido para liderar o Hamas após a morte de Ismail Haniyeh em julho, e sua nomeação foi uma demonstração de desafio e resiliência.
Entretanto, assim como o Hezbollah no Líbano, o Hamas enfrentou a eliminação de seus líderes e a perda de combatentes, além da destruição de seus arsenais. Para Gardner, a decisão que agora se apresenta ao Hamas é se eles vão buscar um acordo que coloque fim à devastadora operação militar israelense em Gaza ou se continuarão a lutar, mantendo a esperança de que a paciência de Israel se esgote.
Possibilidade de Cessar-Fogo
O secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, afirmou que um acordo de cessar-fogo em Gaza está “90% fechado”. A morte de Sinwar pode abrir uma janela de oportunidade para alcançar esse acordo e possibilitar o retorno dos reféns capturados durante o ataque de 7 de outubro em Israel.
Por outro lado, existe a possibilidade de que essa situação aumente a hostilidade entre os membros do Hamas, afastando-os de qualquer tipo de compromisso.
O Que a Morte de Sinwar Significa para o Hamas
Rushdi Abualouf, correspondente em Gaza, considera que a ausência de Sinwar é a maior perda estratégica do Hamas até o presente momento. Ao longo de sua carreira, Sinwar foi responsável por controlar os aspectos políticos e militares da organização. Ele nomeava líderes dos vários bantorões do Hamas e trabalhava em colaboração com seu irmão, Mohammed, que comanda os batalhões mais poderosos no sul de Gaza.
- Sinwar passou grande parte do conflito refugiando-se em túneis sob Gaza.
- Relatos indicam que sua morte não significa o fim imediato da guerra em Gaza.
- A continuidade das operações militares pode trazer o término do conflito mais próximo.
Sobre Yahya Sinwar
Yahya Sinwar, conhecido como Abu Ibrahim, nasceu em 1962 no campo de refugiados de Khan Younis, Gaza. Seus pais tornaram-se refugiados após o deslocamento de palestinos durante a fundação de Israel, em 1948. Ele se formou em árabe pela Universidade Islâmica de Gaza e viveu em um ambiente que incentivava a militância, aliado ao apoio à Irmandade Muçulmana.
Sinwar foi preso pela primeira vez em 1982, aos 19 anos. Sua aproximação com o fundador do Hamas, xeque Ahmed Yassin, o elevou dentro da organização, onde criou a formidável al-Majd, responsável por garantir a segurança do Hamas e punir supostos traidores.
O temor que Sinwar gerava era palpável, e ele cultivava uma lealdade entre seus seguidores, mas também um receio entre aqueles que o temiam. Ao longo de sua vida, ele foi condenado a várias penas de prisão perpétua, passando grande parte de sua vida adulta atrás das grades. Sua libertação, em 2011, foi parte de um acordo que trocou 1.027 prisioneiros por um único refém israelense.