Libanês acusado de liderar operações do Hezbollah na América Latina
A ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, declarou em uma coletiva de imprensa no dia 25 de agosto que o libanês Hussein Ahmad Karaki é o responsável pelas operações do Hezbollah na América Latina, destacando que ele tem recrutado pessoas no Brasil.
Na ocasião, Bullrich mencionou que Karaki mantém laços com facções criminosas brasileiras, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), e que ele esteve presente em países como Brasil, Paraguai e Argentina entre 1990 e 1991.
Investigações e conexões com ataques
De acordo com as investigações, Karaki entrou na Argentina em 1992 utilizando um documento colombiano. Ele teria adquirido o carro-bomba usado no atentado contra a embaixada israelense em Buenos Aires naquele mesmo ano, utilizando uma identidade brasileira falsa.
A ministra também revelou que Karaki recrutou Hussein Suleiman no Brasil para contrabando de explosivos na década de 1990. A Argentina solicitou a captura internacional de Suleiman em 2015 por sua suposta atuação como agente do Hezbollah e por sua entrada no país com os explosivos usados no ataque à embaixada de Israel.
Ligação com facções criminosas brasileiras
Durante a coletiva, Bullrich afirmou que Karaki fugiu para Foz do Iguaçu após o atentado de 1992. Desde então, ele passou a estabelecer relações com as facções criminosas brasileiras. Ela comentou:
- “Dos anos 1990 aos 2000, ele se manteve como uma célula adormecida, transicionando de atentados diretos para o estabelecimento de vínculos com o Hezbollah e organizações criminosas.”
Quando questionada sobre o vínculo com as organizações criminosas, declarou que a relação era voltada para recrutamento. Bullrich citou a Operação Trapiche, realizada pela Polícia Federal em 2023, que tinha como objetivo prevenir atos terroristas.
Além disso, a ministra afirmou que Karaki planejou um ataque em um edifício na Bolívia, que foi frustrado. Atualmente, Karaki estaria no Líbano, segundo informações da ministra.
A Argentina está solicitando um alerta vermelho imediato à Interpol e espera que Brasil e Paraguai também tomem medidas semelhantes. Bullrich enfatizou que a troca de informações entre as investigações dos dois países é constante.
Os atentados de 1992 e 1994
Em 1994, um atentado a bomba contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) resultou na morte de 85 pessoas e feriu centenas. Em abril de 2024, juízes argentinos confirmaram que o Hezbollah foi responsável pelo ataque, que estava ligado a um projeto estratégico do Irã.
As autoridades também apontaram que membros do Hezbollah e autoridades iranianas ordenaram tanto o atentado à AMIA quanto o ataque de 1992 contra a embaixada israelense, que tirou 22 vidas. Até o momento, nenhum suspeito foi preso ou condenado por esses atos.
Contexto dos conflitos no Oriente Médio
Em 1º de outubro, o ataque com mísseis do Irã a Israel sinalizou uma nova fase do conflito regional. Israel, com o apoio dos Estados Unidos, se posiciona de um lado, enquanto o Eixo da Resistência, que tem apoio do Irã, atua de outro. Atualmente, há sete frentes de conflito no Oriente Médio:
- Irã
- Hamas, na Faixa de Gaza
- Hezbollah, no Líbano
- Governo da Síria e suas milícias
- Houthis, no Iémen
- Grupos xiitas no Iraque
- Organizações militantes na Cisjordânia
As forças israelenses estão em operação em três dessas frentes: Líbano, Cisjordânia e Faixa de Gaza, enquanto realizam ataques aéreos nas demais. No dia 30 de setembro, Israel iniciou uma operação terrestre limitada no Líbano após a morte de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, em um bombardeio.
Nos confrontos, o Líbano registrou o dia mais mortal desde 2006, com mais de 500 vítimas. O governo brasileiro anunciou uma operação para repatriar seus cidadãos no Líbano devido ao aumento das hostilidades. Ao menos dois adolescentes brasileiros perderam a vida nos ataques.
As ações continuam em meio à escalada de confrontos, enquanto Israel busca desarticular o Hamas, que foi responsável por um ataque recentemente que deixou mais de 1.200 mortos, segundo relatos oficiais. Somente na Faixa de Gaza, as operações israelenses resultaram em mais de 40.000 mortes de palestinos, conforme informado pelo Ministério da Saúde local.