Resumo do Filme “Sem Vergonha”
Atualmente em exibição na 48ª Mostra de Cinema de São Paulo, o filme “Sem Vergonha”, dirigido por Rafael Saar, retrata a vida da cantora Maria Alcina, cuja carreira foi silenciada pela ditadura militar em 1974. A artista mineira interpreta clássicos como a marcha “Eu quero botar meu bloco na rua” e o samba “Com que roupa?” ao longo da obra.
Análise do Documentário Musical
O documentário “Sem Vergonha” apresenta a trajetória de Maria Alcina, mas, segundo algumas críticas, não capta integralmente a vivacidade e a energía da artista. A condução do filme deixa a desejar em termos de dinamismo, refletindo a falta de pulsação que caracteriza a presença dessa cantora carismática.
Rafael Saar, cineasta conhecido por se desviar dos moldes tradicionais, compõe um documentário onde Alcina reflete sobre sua vida e carreira, porém é o roteiro de Thiago Brito que não entrega a força necessária. O relato se desenrola sem a energia que representou a jornada de Maria Alcina desde sua revelação na boate carioca Number One até seu destaque no Festival Internacional da Canção em 1972.
Desafios e Conquistas
A história da cantora é marcada por desafios significativos. Após lançar dois álbuns com sucesso nos anos 70, Alcina enfrentou a censura da ditadura militar, que a impediu de se apresentar por 20 dias. Quando essa restrição foi levantada, diversos profissionais da indústria do entretenimento evitaram contratá-la devido ao receio de represálias do regime. Somente em 1979, ela conseguiu retornar ao cenário musical, explorando o forró e se apresentando em circos pelo Brasil.
A Apresentação no Documentário
No filme, muitos destes eventos históricos são narrados de forma monótona, intercalados com imagens de arquivo e alguns números musicais. O arranjo musical é assinado por Rovilson Pascoal, que trabalhou na produção do álbum “Espírito de Tudo” (2017), dedicado a Caetano Veloso.
- Destaque para o dueto com Ney Matogrosso na marcha “Eu quero é botar meu bloco na rua”, que ajuda a relembrar a ascensão de Alcina no FIC de 1972.
- Outras performances, como o reencontro dela com Edy Star para cantar “Com que roupa?”, também são apresentadas, mas com uma empolgação que se esvai.
Conclusão
A intenção de Saar de documentar a trajetória de Alcina foge do padrão tradicional, mas a falta de ousadia resulta em um filme que carece da exuberância da artista. Batizado em homenagem à música de Jorge Ben Jor, “Sem Vergonha” revisita composições marcantes, como a marcha “Dionísio, deus do vinho e do prazer” (Péricles Cavalcanti, 2013). Se o documentário tivesse adotado uma abordagem mais vibrante, poderia ter se relacionado melhor com a essência de Maria Alcina.