Entrevista com Silvero Pereira sobre o filme “Maníaco do Parque”
Em uma conversa sobre seu novo filme, o ator Silvero Pereira fala sobre a fusão entre ficção e realidade na narrativa que explora a vida de um assassino condenado, conhecido por ter matado sete mulheres e estuprado outras nove em 1998. O filme intitulado “Maníaco do Parque” traz uma heroína fictícia para atualizar essa história, que estreia na plataforma Prime Video nesta sexta-feira (18).
A Protagonização Feminina
No filme, Silvero Pereira, famoso por seu papel em “Bacurau”, interpreta o protagonista, o maníaco. Ele destaca que a inclusão da repórter novata Elena, vivida por Giovanna Grigio, é crucial para compreender o contexto social da época, marcada por uma maior misoginia.
“Antigamente, as mulheres enfrentavam dificuldades significativas para serem ouvidas quando relatavam suas experiências”, menciona Silvero, ressaltando a importância de não revitimizar as histórias das vítimas e suas famílias. O roteiro se esforçou para reunir essas narrativas em uma única personagem, permitindo uma visão mais ampla da sociedade da época.
Desafios da Interpretação
Silvero discute o impacto psicológico de encarnar um personagem tão complexo e temido. Ele afirma que, ao longo do processo, fez um esforço consciente para separar sua vida pessoal do personagem. “No set, eu mergulhei totalmente nessa atmosfera e, assim que a gravação terminava, voltava à minha vida normal”, explica.
Processo Criativo e Construção do Personagem
Silvero detalha seu processo de construção do personagem, enfatizando a importância de capturar os maneirismos e sotaques que definem Francisco, o maníaco. Ele destaca a tarefa de representar três camadas diferentes dentro de um único personagem: o motoboy, o patinador admirado e o criminoso temido.
- Francisco: O motoboy disciplinado e querido por sua mãe.
- Chico Estrela: Respeitado entre os patinadores do Parque do Ibirapuera.
- Maníaco do Parque: A representação monstruosa que a sociedade tinha dele.
Aspectos Fictícios e Trabalho em Equipe
Durante a produção, a equipe teve apoio psicológico, permitindo que os atores se afastassem emocionalmente dos temas abordados. “Fomos assistidos por uma psicóloga e realizamos diálogos sobre o impacto emocional de nosso trabalho”, diz Silvero.
A interação entre a ficção e a história real foi uma parte importante do projeto. Silvero mencionou a escolha de incluir personagens fictícios como uma forma de explorar questões que muitas vezes não eram abordadas pela mídia da época, contribuindo assim para uma maior compreensão da narrativa.
O Futuro e a Evolução na Carreira
Finalmente, Silvero expressa seu desejo de interpretar vilões em novelas, destacando a atratividade e complexidade desses personagens, que muitas vezes se tornam mais icônicos que os heróis.
“Os vilões têm uma dinâmica fascinante e são geralmente mais divertidos de interpretar”, comenta, referindo-se aos grandes personagens da teledramaturgia brasileira, como Félix e Nazaré.