Desafios da Democracia Brasileira
O economista Daron Acemoglu, coautor do famoso livro Por que as nações fracassam, acredita que figuras como Lula e Biden não têm realizado esforço suficiente para reconquistar eleitores insatisfeitos com a democracia. Segundo Acemoglu, mesmo com a importância do combate à desigualdade, isso não é suficiente para fortalecer a democracia no Brasil.
Daron Acemoglu, professor no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), alertou em uma entrevista que, para o Brasil avançar, o presidente Lula precisa atrair aqueles que perderam a fé nas instituições democráticas:
- Atração do eleitorado: “Ao menos que Lula encontre uma forma de atrair uma parcela significativa da população que se desencantou com a democracia brasileira, não será um caminho fácil”.
- Melhores oportunidades: “É preciso criar melhores oportunidades de emprego para a classe média trabalhadora e para o setor agrícola”.
Reconhecimento Internacional
Acemoglu foi recentemente agraciado com o Nobel de Economia 2024 ao lado de Simon Johnson e James A. Robinson, em reconhecimento a suas pesquisas sobre as disparidades de prosperidade entre nações. Em seus livros, ele analisa as razões que levam alguns países a prosperar enquanto outros permanecem na pobreza.
Seus trabalhos, como O Corredor Estreito e Poder e Progresso, discutem como decisões históricas impactaram o avanço tecnológico e seu efeito sobre as elites em contraposição ao crescimento inclusivo. Ele defende que o uso de inteligência artificial deve empoderar os trabalhadores, promovendo um desenvolvimento que beneficie a todos.
A Polarização e o Futuro do Brasil
Acemoglu também expressou preocupações sobre a polarização que afeta o Brasil e os EUA. Ele acredita que a polarização pode dificultar a reconstrução da democracia e que a criação de empregos é fundamental:
- Programas sociais não são suficientes: “Não acredito que você vá trazer de volta os eleitores de Trump criando um programa de transferências maior”.
- Respeito à diversidade: “É preciso respeitar essa diversidade e criar oportunidades para melhorar a vida das pessoas”.
Caminhos para o Desenvolvimento Econômico
De acordo com Acemoglu, o Brasil precisa se afastar de um modelo econômico que depende apenas da exportação de commodities. Ele sugere que:
- Incentivos ao setor privado: “O governo pode ser facilitador, mas o setor privado deve liderar um crescimento que não seja baseado apenas na exportação de commodities”.
- Inovação industrial: “O Brasil aspirou a ser uma potência industrial e possui uma mão de obra educada que pode ser direcionada para diferentes setores”.
Reflexão sobre as Tecnologias e o Futuro do Trabalho
Acemoglu analisa também o impacto potencial da inteligência artificial no trabalho e critica a ideia de que a renda básica universal resolverá os desafios do futuro:
- Uso consciente da IA: “Não estou convencido de que estamos condenados a substituir o trabalho humano”.
- Oportunidades ao invés de renda básica: “É preciso redirecionar a mudança tecnológica para o benefício do trabalhador, não a renda básica”.
Conclusão
Em suma, Acemoglu ressalta que o Brasil enfrenta desafios significativos para fortalecer sua democracia e que soluções pragmáticas e inclusivas através de emprego e inovação são essenciais. Ele também enfatiza a importância de regulamentar a tecnologia tão criticada, promovendo um futuro mais justo e igualitário.