Contratos e Relações de Família
Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira firmou contratos com a Fundação Saúde, sendo primo de Doutor Luizinho, ex-secretário de Saúde durante o processo de contratação. Em uma declaração, o deputado expressou seu desejo de uma “punição exemplar para os responsáveis”. Atualmente, uma investigação está em andamento sobre a contaminação de seis pacientes, um evento inédito no serviço de transplantes do Rio de Janeiro.
O laboratório Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS-Saleme), alvo da investigação por ter contagiado seis pacientes transplantados com HIV, conta com Matheus como um de seus sócios. Além disso, Walter Vieira, outro sócio do laboratório, é casado com a tia de Luizinho. Mesmo após deixar o cargo de secretário em setembro de 2023, Luizinho manteve relações influentes na pasta, com sua irmã trabalhando na Fundação Saúde.
Em campanhas passadas, Matheus chegou a apoiar seu primo nas redes sociais. Durante o mandato de Luizinho, o laboratório recebeu quase R$ 20 milhões em pagamentos, conforme levantamento do Portal da Transparência.
Posicionamento do Deputado
Em nota, Doutor Luizinho comentou: ” Conheço o Laboratório Saleme há mais de 30 anos, dirigido pelo Dr. Montano e depois pelo seu filho, Dr. Valter Vieira (casado com a irmã da minha mãe, Ana Paula) e suas irmãs. Isso é extremamente triste, pois eu sou um dos maiores defensores do transplante no País.” Ele lamentou os incidentes ocorridos, pedindo que os responsáveis sejam punidos, independentemente das relações que possam ter.
Investigação Governamental
O Ministério da Saúde acionou uma auditoria urgente através do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus), visando investigar todo o sistema de transplante no estado e apurar possíveis irregularidades em relação à contratação do laboratório.
Entenda o Caso
Seis transplantados no Rio de Janeiro receberam órgãos infectados com HIV, resultando em diagnósticos positivos. Esse acontecimento, considerado sem precedentes, foi noticiado por veículos de comunicação e confirmou-se pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ).
O erro é atribuído ao PCS Lab Saleme, unidade privada de Nova Iguaçu, que havia sido contratada em um processo de licitação emergencial para realizar a sorologia de órgãos doados. Após a contaminação ser descoberta, o laboratório foi interditado pela Coordenadoria Estadual de Transplantes e pela Vigilância Sanitária Estadual, enquanto a Polícia Civil investiga o caso.
A Anvisa constatou que o laboratório não possuía os kits necessários para a realização dos testes sanguíneos e não apresentou documentos que comprovassem a compra desses itens, levantando suspeitas sobre a veracidade dos testes realizados.
Detalhes sobre a Contaminação
A situação foi revelada no dia 10 de setembro, quando um paciente transplantado apresentou sintomas neurológicos e testou positivo para HIV. O transplante havia ocorrido em janeiro, e a partir desse caso, autoridades iniciaram uma investigação que envolveu exames realizados pelo PCS Lab Saleme. As coletas feitas mostraram que órgãos doados apresentavam resultados negativos para HIV, mas contraprovas indicaram a presença do vírus.
Dentre os transplantados, aqueles que receberam rins testaram positivo, enquanto a receptora da córnea não apresentou contaminação. Um dos pacientes que recebeu o fígado faleceu pouco depois da cirurgia, mas o estado de saúde dele já era grave antes do procedimento.
Ações da Secretaria de Saúde
A Secretaria Estadual de Saúde iniciou a transferência de todos os exames de sorologia para o Hemorio. Cláudia Mello, secretária estadual de Saúde, informou que todas as doações agora são avaliadas diretamente pelo Hemorio, que realizará novos testes em 286 doadores.
A SES-RJ considera a situação inaceitável e formou uma comissão multidisciplinar para apoiar os pacientes afetados, além de instaurar uma sindicância para identificar e punir os responsáveis.
Conclusão
Essa situação sem precedentes destaca a importância de rigor nos procedimentos de transplantes, considerando que desde 2006, o serviço salvou mais de 16 mil vidas no estado do Rio de Janeiro.