Contexto da Situação
A artesã, residente atualmente no Recife, teve uma trajetória profissional como biomédica em São Paulo, mas não atua mais na área. Recentemente, ela ficou surpresa ao descobrir que seu registro profissional foi utilizado para assinar um exame em um caso grave que envolve doadores de órgãos infectados com HIV. O exame em questão foi firmado pelo laboratório PCS Saleme, usando o número do Conselho Regional de Biomedicina de Júlia Moraes de Oliveira Lima.
Cancelamento do Registro Profissional
Júlia teve seu registro cancelado pelo Conselho no ano anterior, devido à falta de pagamento da anuidade. Em relato sobre o incidente, ela expressou seu choque: “Foi horrível porque eu descobri sobre esse caso e fiquei muito impactada com a história”. Ela destaca que não exerce a biomedicina há muitos anos, o que a deixou nervosa e preocupada com possíveis consequências.
O Caso dos Órgãos Infectados
Um laudo de uma doadora de 40 anos, analisado e liberado por Jacqueline, indicava que a mulher não tinha HIV. No entanto, os órgãos doados, que incluíam rins e fígado, acabaram infectando pacientes transplantados. O laboratório PCS Saleme foi identificado pela Secretaria Estadual de Saúde como responsável por dois exames com erros, o que resultou na infecção por HIV de seis pessoas na fila para transplante.
Investigação e Responsabilidades
O incidente está sendo investigado por várias autoridades, incluindo o Ministério da Saúde e o Ministério Público do Rio de Janeiro. Durante a apuração, foi constatado que dois doadores estavam ligados a infecções em seis pacientes. Os exames feitos pelo PCS Saleme não detectaram a doença antes dos transplantes.
Histórico da Artesã
Atualmente, Júlia se dedica à produção e venda de velas artesanais. Ela trabalhou em sindicatos de saúde em São Paulo antes de se mudar para Recife e se sentiu profundamente entristecida com a vinculação de seu nome a um caso tão sério e trágico.
Sobre o Laboratório PCS Saleme
O laboratório atendeu a diversas unidades de saúde no estado e, entre 2022 e setembro de 2024, recebeu mais de R$ 21 milhões em contratos da Secretaria de Saúde. Os serviços prestados incluíam análises clínicas e identificações de doenças variadas, como hepatite e sífilis. O laboratório fez uma média de 69 mil exames laboratoriais mensalmente.
Lista de Unidades Atendidas
As unidades atendidas pelo PCS Saleme incluem:
- Hospital Estadual Anchieta
- Hospital Estadual Carlos Chagas
- Hospital Estadual Eduardo Rabelo
- Hospital Estadual Santa Maria
- Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro
- Instituto Estadual de Dermatologia Sanitária
- Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia
- Instituto Estadual de Doenças do Tórax Ary Parreiras
- Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti
- Central Estadual de Transplante
- Centro Psiquiátrico Rio de Janeiro
Desdobramentos do Caso
A situação começou a ser investigada em 10 de setembro, quando um paciente transplantado apresentou sintomas neurológicos e testou positivo para HIV, mesmo não tendo o vírus antes do procedimento. Foram analisados dois exames realizados pelo laboratório, cuja primeira coleta foi feita em janeiro. Após a identificação do HIV nas contraprovas, as autoridades rastrearam os demais receptores de órgãos.
Ações da Secretaria de Saúde
A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro anunciou a abertura de uma sindicância rigorosa para investigar o processo de doação de órgãos dos dois doadores infectados. O laboratório PCS Saleme teve seu serviço suspenso e os exames foram transferidos para o Hemorio. Uma comissão multidisciplinar foi criada para apoiar os pacientes afetados.
Nota do Laboratório PCS Saleme
O PCS Saleme declarou que adquiriu cerca de 900 testes de diagnóstico de HIV antes do incidente. A investigação interna foi aberta para apurar responsabilidades e o laboratório se colocou à disposição das autoridades competentes.