Introdução
Uma operação realizada pela Polícia Civil no dia 14 de outubro de 2023, revelou irregularidades em um laboratório que emitiu laudos falsos para exames de HIV, culminando em infecções em pacientes transplantados. Dois suspeitos foram detidos, enquanto outros dois permanecem foragidos. O laboratório investigado é o PCS Lab Saleme, que foi contratado pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ).
Os Envolvidos na Investigação
Quatro pessoas estão sendo investigadas, e suas conexões com o PCS Lab Saleme são significativas. Abaixo estão os detalhes sobre cada um deles:
- Walter Vieira: Ginecologista e sócio do PCS Lab Saleme, ele é o responsável técnico do laboratório e assinou um dos laudos erroneamente emitidos. Além disso, é tio do deputado federal Doutor Luizinho (PP), ex-secretário de Saúde do RJ. Foi preso.
- Ivanilson Fernandes dos Santos: Técnico de laboratório que realizava análises clínicas no material vindo da Central Estadual de Transplantes. Também foi preso.
- Jacqueline Iris Bacellar de Assis: Auxiliar administrativa que aparece em um dos laudos que atestaram a ausência do HIV nos doadores de órgãos. Ela está sendo procurada pela polícia.
- Cleber de Oliveira dos Santos: Assim como Ivanilson, ele é um técnico de laboratório do PCS, também procurado pela polícia.
Reação dos Investigados
Em uma entrevista, Jacqueline admitiu que suas assinaturas estavam nos documentos, mas negou envolvimento nas fraudes, alegando que não havia carimbo ou registro profissional no momento da assinatura. Ela afirmou ter sido contratada para a área administrativa do laboratório.
Consequências do Caso
Seis pacientes transplantados no estado do Rio de Janeiro testaram positivo para HIV após receberem órgãos infectados. Este incidente marca um fato inédito na história dos transplantes no estado.
Conforme informações do governo estadual, os erros ocorreram em dois exames realizados pelo PCS Lab Saleme, que foi contratado em dezembro do ano anterior por R$ 11 milhões para realizar a sorologia de órgãos doados.
Entendendo a Falha
O PCS Lab Saleme tinha a responsabilidade de analisar o sangue de todos os candidatos a doadores de órgãos. Para detectar HIV, o sangue deveria ser testado com um reagente que precisava passar por um controle de qualidade diário. No entanto, as investigações apontam que houve uma ordem para que esse controle passasse a ser realizado apenas uma vez por semana, aumentando o risco de utilização de reagentes ineficazes.
O secretário estadual da Polícia Civil do RJ, Felipe Curi, afirmou que o laboratório parecia ter afrouxado deliberadamente os controles de qualidade para aumentar seus lucros. No entanto, os policiais não forneceram detalhes sobre como essa prática potencialmente beneficiou financeiramente a empresa, nem esclareceram se testes adequados foram efetivamente realizados.
Posicionamento do Laboratório
Os advogados do PCS Lab Saleme afirmaram que os sócios da empresa estão prontos para esclarecer todas as dúvidas à Justiça. Eles negaram a existência de qualquer esquema criminoso e ressaltaram que a empresa está no mercado há mais de 50 anos, oferecendo serviços de qualidade.