Investigação da Polícia Civil
A Polícia Civil está investigando suspeitas de crimes relacionados à administração pública, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A operação recentementê realizada cumpriu mandados em órgãos públicos e em locais relacionados aos investigados, visando esclarecer possíveis fraudes em contratos para a realização de eventos.
Destaques da Operação
A decisão que autorizou a operação, ocorrida em 17 de outubro, revela que algumas empresas contratadas para organizar eventos e rodeios apresentavam uma estrutura inadequada em relação aos altos valores de seus contratos. Além disso, foi descoberto que pelo menos duas dessas empresas utilizavam endereços falsos.
Entre os alvos da investigação, estão empresas do setor de eventos, associações e instituições sem fins lucrativos. Um dado alarmante foi que uma única associação recebeu R$ 5.144.487,00, tendo supostamente distribuído essa quantia entre pessoas ligadas a três empresas sob investigação.
Mandados de Busca e Apreensão
Na manhã de 17 de outubro, foram executados mandados de busca e apreensão nas sedes das Secretarias de Cultura, Turismo e Esportes e Juventude. A operação ocorreu em Palmas, Paraíso, Aparecida do Rio Negro e em Goiânia (GO), contando com o apoio da Delegacia Estadual de Combate à Corrupção de Goiás. Além das buscas, a Justiça determinou a indisponibilidade de bens dos investigados, totalizando R$ 5.123.687,70.
Desvio de Recursos Públicos
A investigação revelou que o esquema suspeito funcionava por meio da realização de eventos presumidamente de interesse público, mas apresentava várias inconsistências que sugerem desvio de recursos públicos. Um dos pontos destacados foi que uma das empresas envolvidas estava registrada em Fátima, a 126 km da capital, mas os moradores afirmaram nunca ter visto o estabelecimento.
Esta mesma empresa, cuja principal atividade é o comércio de eletrodomésticos, apresentou propostas para a organização de eventos simultâneos em locais distintos, algo que, segundo a polícia, exigiria uma capacidade técnica e operacional que a empresa não possui.
Histórico de Contratações
Outra empresa sob investigação firmou diversos contratos de colaboração com o governo entre 2015 e 2018, recebendo mais de R$ 12 milhões. Desses, R$ 9.866.000,00 foram repassados pelo governo estadual.
Conforme a decisão da Justiça, que analisou a documentação, foram identificados vínculos financeiros que indicam um esquema de desvio de verbas públicas e lavagem de dinheiro, utilizando entidades sem fins lucrativos.
Reações dos Ex-Governadores
As secretarias envolvidas afirmaram estar colaborando com as investigações e que irão cumprir as ordens judiciais relacionadas à suspensão de contratos. Os ex-governadores Mauro Carlesse e Marcelo Miranda se pronunciaram, com Carlesse manifestando sua esperança por uma investigação ampla e transparente, enquanto Miranda ressaltou seu compromisso com a clareza nas ações do governo.
Contratações de Rodeios
Documentos evidenciam que foram contratados 18 rodeios por uma única associação em diferentes municípios entre 2016 e 2017. Os projetos tinham valores idênticos e apresentavam estruturas semelhantes, independentemente do local da realização.
Além disso, a investigação apontou que até cidades pequenas tinham a mesma quantidade de camarotes e tendas que as de maior porte, e alguns eventos eram realizados simultaneamente em municípios distantes entre si.
Durante a apuração, foi verificado que o endereço de uma das filiais da associação em Goiânia era, na verdade, um escritório de contabilidade, e que o contador da associação é sócio de outra empresa também sob suspeita.
Há indícios de movimentações financeiras suspeitas no valor de mais de R$ 5 milhões entre as pessoas físicas e jurídicas ligadas às empresas investigadas. A polícia suspeita que o esquema consistia na contratação dos serviços da associação pelo governo, seguido pelo repasse dos pagamentos a pessoas físicas e a duas empresas investigadas.