Introdução
A menos de um mês das eleições presidenciais nos Estados Unidos, o país se depara com a possibilidade de enfrentar o pior furacão em mais de cem anos. O furacão Milton, que se aproxima da Flórida, é classificado como categoria 5, a mais alta na escala de intensidade dos furacões. Essa situação alarmante, no entanto, não parece ter gerado discussões significativas entre os candidatos à presidência, Donald Trump e Kamala Harris, sobre medidas para combater as mudanças climáticas.
A crise climática e a corrida eleitoral de 2024
Embora a tempestade Milton esteja causando a evacuação de mais de um milhão de pessoas e preocupando meteorologistas, a questão das mudanças climáticas tem sido desconsiderada pelos dois presidenciáveis. Até agora, nenhum deles apresentou um plano específico para o clima, e o tema não aparece em debates, entrevistas ou discursos.
Posicionamento de Donald Trump
Donald Trump, historicamente afastado das pautas ambientais, já rotulou o aquecimento global como uma “farsa”. Durante sua campanha, ele expressou opiniões de que a maior ameaça ao mundo não é a mudança climática, desconsiderando os estudos que indicam a possibilidade de elevação significativa do nível do mar até 2100.
Trump argumenta que a pressão por medidas contra os gases do efeito estufa visa prejudicar a economia dos Estados Unidos. Ele abandonou tratados internacionais de compromissos climáticos e promoveu o aumento da exploração de petróleo e gás, incentivando a ideia de tornar o país o maior produtor de energia do mundo. Os combustíveis fósseis, no entanto, são reconhecidos como grandes responsáveis pelo aquecimento global.
A postura de Kamala Harris
Apesar de Donald Trump manter sua postura em relação às questões climáticas, o silêncio em relação ao tema por parte de Kamala Harris causa surpresa. Na convenção do partido, ela mencionou que “liberdades fundamentais” estão em jogo nesta eleição, mas sua única referência às questões ambientais foi genérica e pouco específica.
Embora a administração Biden tenha aprovado pacotes significativos para energias limpas, Kamala não parece disposta a se aprofundar no assunto, possivelmente acreditando que isso não atrai o apoio necessário do eleitorado. Uma pesquisa recente revelou que sua defesa em temas como combate ao crime e à inflação gera mais atenção do que seu trabalho em relação ao aquecimento global, o que pode indicar um risco eleitoral para sua campanha.
Desafios eleitorais e posicionamentos contraditórios
Kamala parece ter optado por não arriscar perder apoio de eleitores importantes, especialmente em estados como a Pensilvânia, onde a extração de petróleo por fracking é uma prática comum. O fracking é criticado por seus impactos ambientais e por ser altamente poluente.
Embora Kamala tenha se posicionado contra o fracking no passado, ela recuou diante da necessidade de conquistar o eleitorado local. Enquanto isso, Trump usa o medo de uma “guerra contra a produção de energia” caso ela seja eleita como parte de sua estratégia de campanha.
Considerações Finais
Kamala tem buscado reafirmar seu compromisso com a mudança climática através de aliados do partido, mas seus discursos muitas vezes evitam a questão diretamente. No entanto, ela está atenta a sua imagem pública, mencionando temas que podem ser mais sensíveis à sua base, como a posse de armas.
Na apresentação mais recente ao lado do presidente Biden, que cancelou uma viagem para acompanhar as ações contra o furacão Milton, Kamala novamente evitou o tema das mudanças climáticas, focando em exhortar a população a se proteger das enchentes e da devastação causada pela tempestade.