Registros Raros na Caatinga
Desde 2020, o estudante Edilberto Rocha Júnior, de 17 anos, tem se dedicado a registrar a rotina de cerca de 50 espécies de animais silvestres na região da Caatinga em Sussuapara, localizada a 316 km de Teresina. Um destaque especial se dá para espécies ameaçadas de extinção, como a jaguatirica e o gato-mourisco.
A Iniciação do Estudo
O interesse de Edilberto pelos hábitos dos animais começou quando ele notou rastros em uma área de serra, repleta de formações rochosas típicas do bioma. Para capturar as imagens, o estudante adquiriu uma câmera com sensor de movimento, a qual instalou em locais estratégicos.
- “Eu sempre via os rastros na terra e tinha essa curiosidade de saber quais bichos frequentavam a região. Meu objetivo é mostrar à população como a nossa biodiversidade é rica”, afirma Edilberto.
Estrategias de Registro
Edilberto utiliza duas principais estratégias para fazer os registros:
- Posicionar a câmera em veredas onde os animais costumam passar.
- Colocar a câmera em frente a uma fonte d’água, que tem se mostrado a mais eficaz, instalada pelo tio do estudante e alimentada pelo encanamento da casa.
A fonte de água se tornou um ponto de parada obrigatória para muitos animais. Por exemplo, uma jaguatirica foi registrada durante a madrugada em busca de hidratação. Animais como guaxinins, raposas e gambás também são frequentadores desse local.
Imagens Incríveis
Entre os registros capturados estão:
- Uma jaguatirica se hidratando na fonte.
- Um gato-mourisco fêmea acompanhada de seus quatro filhotes.
- Espécies como veados-catingueiros, caititus, mocós, furões, jacus-verdadeiros e pica-paus-de-topete-vermelho.
- Um raro registro de uma paca na nascente de um riacho.
A Importância da Pesquisa
O biólogo Izar Aximoff, que orienta Edilberto, destaca a relevância da iniciativa do jovem em um momento em que a Caatinga e outros biomas brasileiros enfrentam taxas alarmantes de desmatamento.
“A Caatinga está sendo devastada a uma velocidade muito maior que a geração de conhecimento sobre sua biodiversidade. Esse fragmento do bioma, com cerca de 2 mil hectares e pelo menos 17 espécies de mamíferos, não é protegido”, alerta Aximoff.