O Dólar e a Realidade Atual
Em uma entrevista realizada na terça-feira (22), o professor Roberto Dumas, especialista em economia chinesa do Insper, afirmou que é muito pouco provável que outra moeda venha a substituir o dólar nas transações globais nos próximos 10 anos. Essa declaração surge em meio a especulações sobre uma possível transformação na ordem econômica mundial.
A Manutenção da Posição do Dólar
Dumas argumenta que a continuidade da dominância do dólar está intimamente ligada às políticas econômicas e à estrutura de governança dos países que poderiam apresentar concorrência, com foco especial na China. Ele levantou questões relevantes sobre a flexibilidade do governo chinês em relação a seus bancos e políticas econômicas:
- Liberdade na utilização de bancos: É improvável que o governo chinês permita que os bancos atuem de forma independente, sem a influência do Partido Comunista Chinês.
- Manipulação de taxas: A tendência de manipular taxas de juros e câmbio é uma barreira significativa para a aceitação de sua moeda no comércio internacional.
Desafios da Economia Chinesa
O professor Dumas destacou os obstáculos que a China precisa superar para que sua moeda se torne uma alternativa viável ao dólar. Esses desafios incluem:
- Liberalização do mercado financeiro: É fundamental abrir a conta de capital e permitir que as taxas de juros e o câmbio operem de forma livre.
- Dilema do crescimento econômico: A liberdade nos mercados pode comprometer o crescimento econômico necessário para legitimar o governo chinês. Dumas enfatizou que permitir um câmbio livre e não subsidiar a taxa de juros pode gerar resultados indesejados para a economia estatal.
Perspectivas para Outras Moedas
O professor também analisou a situação de outras moedas, como o euro. Apesar de ser um projeto político consolidado ao longo do tempo, o euro não conseguiu desbancar o dólar como moeda líder nas transações internacionais. Dumas atribui essa limitação à:
- Falta de federalismo fiscal: O euro ainda enfrenta desafios significativos devido à ausência de um sistema fiscal coerente entre os países que adotam a moeda.
Ele foi enfático ao afirmar que uma moeda manipulada, com conta de capital fechada e taxas subsidiadas, não consegue competir com o dólar, especialmente em um cenário de instabilidade política.
Conclusão
Roberto Dumas finalizou sua análise ressaltando que, enquanto a China continuar operando sob seu atual sistema político e econômico, é altamente improvável que a moeda chinesa ou qualquer outra moeda possa efetivamente desafiar a supremacia do dólar no cenário global nos próximos 10 anos.