Rentabilidade dos Títulos Públicos em Setembro
Pelo segundo mês consecutivo, os títulos públicos de curto prazo estão apresentando maior rentabilidade em setembro, conforme dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Esse fenômeno indica que os investidores estão buscando proteger suas aplicações em meio à alta de juros e inflação, num movimento de aversão ao risco.
Motivações para a Escolha de Títulos de Curto Prazo
As incertezas relacionadas às metas fiscais do governo, além do recente aumento na taxa Selic, de 10,50% para 10,75%, são algumas das razões que levaram os investidores a optar por papéis de curto prazo. Essa estratégia visa a proteção das carteiras em um cenário econômico desafiador.
De acordo com Mauro Orefice, da B.Side Wealth Management, a maior rentabilidade desses títulos é influenciada pelo aumento nas expectativas de juros. O boletim Focus previa um crescimento de 11% nas taxas de juros para o próximo ano, o que impactou as taxas prefixadas e os ativos atrelados ao IPCA.
Impacto da Inflação e Taxa Selic
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, apresentou uma taxa de 4,42% em setembro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A meta estabelecida pelo governo para a inflação era de 3% ao ano.
Carlos Castro, especialista em renda fixa, salienta que o desempenho dos títulos está intimamente ligado ao cenário econômico. O possível aumento da Selic para 12% até o final do ano causou elevações nos retornos de títulos como o Tesouro Selic, enquanto a instabilidade fiscal faz com que investidores busquem segurança em ativos de renda fixa.
Preocupações Adicionais e Desempenho dos Títulos
Outras preocupações também influenciam a busca por títulos públicos de curto prazo. Daniel Leal, estrategista de renda fixa na BGC Liquidez, menciona que as taxas estão em alta devido ao receio em relação à responsabilidade fiscal do governo, além das incertezas sobre o crescimento econômico da China, que é o principal parceiro comercial do Brasil.
- Os prefixados com vencimento em até um ano tiveram uma alta de 0,82% (índice IRF-M1), alcançando um aumento total de 7,18% no ano.
- Os papéis com vencimento acima de um ano renderam 0,11% no mês e 2,50% no acumulado do ano.
A Anbima informa que, em geral, os papéis da dívida pública renderam 0,34% em setembro e 4,99% no acumulado do ano. Os títulos indexados ao IPCA com prazo de até cinco anos apresentaram um rendimento de 0,40% em setembro e de 5,30% no ano. Por outro lado, a carteira de títulos com vencimento acima de cinco anos teve uma queda de 1,42% no mês, resultando em uma perda de 2,62% no ano.
Desempenho das Debêntures
As debêntures — dívidas emitidas por empresas — também mostraram um desempenho semelhante, com crescimento de 0,56% em setembro e um total de 8,68% no ano, conforme dados da Anbima. O índice que acompanha o IPCA para as debêntures sem incentivo fiscal teve uma alta de 0,25% em setembro, enquanto os papéis com isenção fiscal registraram uma queda de 0,11%. No acumulado do ano, esses índices cresceram 6,50% e 6,05%, respectivamente.