Introdução ao Aumento da Emissão de Dívida Pública na China
Recentemente, o governo da China anunciou um plano para “aumentar significativamente” a emissão de dívida pública. Essa ação tem como objetivo fornecer subsídios para pessoas de renda baixa, apoiar o mercado imobiliário e fortalecer o capital dos bancos estatais, tudo com a intenção de reanimar o crescimento econômico no país.
Medidas Anticíclicas e Aumento do Déficit Fiscal
O ministro das Finanças, Lan Foan, em uma coletiva de imprensa, destacou que haverá mais “medidas anticíclicas” a serem implementadas, embora não tenha especificado o tamanho do estímulo fiscal previsto. Ele afirmou que ainda existe um “espaço relativamente grande” para a emissão de dívida e aumento do déficit fiscal.
Desafios Econômicos e Crescimento
A China, como a segunda maior economia do mundo, enfrenta fortes pressões deflacionárias, resultado da desaceleração no mercado imobiliário e da fragilidade na confiança do consumidor. Esses problemas revelam uma dependência excessiva das exportações, especialmente em um ambiente global de comércio cada vez mais tenso. Dados econômicos recentes não têm correspondido às expectativas, levantando preocupações de que a meta de crescimento de aproximadamente 5% estabelecida pelo governo para este ano possa estar em risco.
Expectativas para os Dados de Setembro
Os dados que devem ser divulgados em setembro são aguardados com expectativa, pois poderiam demonstrar mais fraqueza econômica. Por outro lado, Zheng Shanjie, presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC), expressou confiança de que as metas de crescimento serão alcançadas.
Contexto do Estímulo Fiscal
Nos últimos meses, o mercado financeiro global especulou intensamente sobre as medidas de estímulo fiscal na China, especialmente após uma reunião do Politburo em setembro. Nessa reunião, um senso crescente de urgência quanto aos obstáculos econômicos foi identificado. Após a reunião, as ações chinesas chegaram a atingir máximas de dois anos, aumentando 25% rapidamente, antes de recuar devido à falta de detalhes sobre novos planos de gastos.
Planejamento de Títulos Soberanos
Conforme relatado, a China planeja emitir aproximadamente 2 trilhões de yuans (equivalente a cerca de US$ 284,43 bilhões) em títulos soberanos especiais como parte da nova estratégia de estímulo fiscal. Metade deste montante será destinada a ajudar os governos locais com problemas de dívida, enquanto a outra metade servirá para subsidiar a compra de eletrodomésticos e proporcionar uma mesada de cerca de 800 yuans (aproximadamente US$ 114) por criança para famílias com dois ou mais filhos.
Capital para Bancos Estatais
Além das medidas mencionadas, a China também está considerando injetar até 1 trilhão de yuans de capital em seus maiores bancos estatais para ampliar sua capacidade de apoiar a economia, especialmente por meio da emissão de novos títulos soberanos.
Medidas Monetárias e Investimentos
No final de setembro, o banco central chinês implementou as medidas de apoio monetário mais agressivas desde a pandemia de Covid-19, visando o setor imobiliário. Embora essas medidas tenham elevado os preços das ações, muitos analistas argumentam que é necessário abordar problemas estruturais, como a necessidade de aumentar o consumo e reduzir a dependência de investimentos em infraestrutura financiados por dívidas.
Problemas de Consumo e Emprego
A maior parte do estímulo fiscal continua direcionada a investimentos, mas os retornos desse investimento vêm diminuindo. Os governos locais estão sobrecarregados com dívidas que somam aproximadamente US$ 13 trilhões. Lan mencionou que as autoridades apoiarão os governos locais na resolução desses problemas, destacando que ainda há 2,3 trilhões de yuans (cerca de US$ 325,5 bilhões) disponíveis para gastos nos últimos três meses do ano.
- Os governos locais poderão recomprar terras não utilizadas de incorporadores imobiliários.
A combinação de salários baixos, alto desemprego entre os jovens e uma rede de segurança social fragilizada resulta em gastos familiares que representam menos de 40% da produção econômica anual, bastante abaixo da média global.
Um relatório da plataforma de recrutamento Zhaopin indicou uma queda de 2,5% no salário médio oferecido nas 38 maiores cidades da China no terceiro trimestre, em comparação com o segundo.
Recentemente, a varejista sueca de móveis IKEA, cujas lojas na China foram impactadas pela crise no setor imobiliário, solicitou ao governo mais medidas de estímulo para ajudar a revitalizar o mercado.