Degradação dos Recifes de Corais
De acordo com estudos recentes, os recifes de corais localizados na Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, abrangendo 130 quilômetros entre Pernambuco e Alagoas, estão sofrendo um processo alarmante de degradação. Nos últimos seis meses, aproximadamente 80% dos corais desta região morreram, resultado do fenômeno conhecido como branqueamento, amplificado pelo aquecimento dos mares.
Dados sobre a Morte dos Corais
O Projeto Conservação Recifal, uma ONG que atua na monitorização desse ecossistema há uma década, registrou que a morte dos corais é especialmente significativa. Em algumas áreas, a perda chega a ser de 90%, conforme informações do pesquisador Pedro Pereira, coordenador do projeto e doutor em biologia de corais.
- A APA Costa dos Corais se estende de Tamandaré, no Litoral Sul de Pernambuco, até Paripueira, em Maceió.
- Considerada a maior unidade de conservação marinha do Brasil, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
- O impacto negativo foi tão grande que, nas áreas monitoradas, registrou-se que de 70% a 80% dos corais estão mortos.
Processo de Degradação Acelerada
Desde o início de 2023, a degradação dos recifes tem se intensificado. Estudos apontam que, até dezembro de 2024, Pernambuco pode perder um terço das espécies de corais, essenciais para a biodiversidade marinha e para a beleza natural das praias.
O branqueamento dos corais está ligado diretamente ao aumento da temperatura dos oceanos, ocasionada pelas mudanças climáticas. Esses organismos são muito sensíveis a variações de temperatura, e o estresse causado nas zooxantelas, microalgas que convivem em simbiose com os corais, leva à perda da coloração e à morte das espécies.
A Simbiose entre Corais e Microalgas
Pedro Pereira explica que a relação entre corais e as zooxantelas é fundamental, já que essas algas ajudam na produção de alimentos para os corais. Quando os corais estão debilitados, as algas se afastam, resultando no branqueamento.
Para a comunidade científica, 2024 tende a ser o ano mais quente registrado, e a mortalidade dos corais, que já chega a 90%, é um indicativo alarmante da magnitude do problema.
Possíveis Soluções e Recuperação dos Corais
Múcio Banja, professor de oceanografia e pesquisador do Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação, aponta que nem todos os corais brancos estão mortos. Enquanto a parte rochosa, feita de carbonato de cálcio, permanece, as microalgas, que produzem oxigênio, são vitais para a saúde dos corais.
- Durante o branqueamento, a quantidade de oxigênio disponível diminui, deixando os corais mais frágeis.
- Alguns corais podem sobreviver e, se as condições forem adequadas, podem se recuperar lentamente.
Banja também menciona que, em algumas áreas, como na Praia do Paiva, os corais estão se recuperando, embora de maneira lenta, e a esperança reside na chegada de um período mais favorável ao desenvolvimento das zooxantelas.
Importância das Ações de Mitigação
É fundamental adotar medidas que melhorem a relação entre humanos e natureza para garantir a sobrevivência dos corais. Estratégias de mitigação incluem:
- Redução da poluição.
- Controle do turismo de maneira sustentável.
- Práticas de pesca responsáveis.
Pedro Pereira destaca que a preservação de um ambiente saudável aumenta as chances de sobrevivência dos corais. A tecnologia utilizada na recuperação em laboratório é limitada e não substitui a necessidade de ações eficazes para combater os efeitos das mudanças climáticas.