Contexto Atual do Brics
O Brasil está adotando uma postura cautelosa durante os debates que estão ocorrendo na reunião do Brics, que acontece esta semana em Kazan, na Rússia. Um dos principais tópicos discutidos nos bastidores é a agenda antiocidental que está sendo promovida, especialmente pela China e pela Rússia.
A agenda das reuniões em Kazan foca em multilateralismo e desenvolvimento global, e conta com a presença de líderes de diversos países que buscam fortalecer os laços com o Brics. Entre os líderes presentes estão o presidente chinês Xi Jinping, o presidente russo Vladimir Putin (anfitrião da reunião) e o primeiro-ministro indiano Narendra Modi.
Movimentos e Expansão do Brics
Tanto a Rússia quanto a China têm se esforçado para criar uma força opositora ao Ocidente, especialmente após a recente adesão de novos países ao Brics. Esta busca por novos membros que se distanciam das agendas ocidentais é uma estratégia clara para fortalecer suas posições.
Durante a reunião em Kazan, foi elaborada uma lista de países parceiros que são convidados a se juntarem ao bloco. As nações reconhecidas incluem:
- Cuba
- Bolívia
- Indonésia
- Malásia
- Usbequistão
- Casaquistão
- Tailândia
- Nigéria
- Uganda
- Turquia
- Vietnã
- Belarus
- Argélia (em consideração)
Entretanto, a Venezuela, que era cotada, não foi incluída na lista de novos membros. O Brasil, por meio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu assessor especial Celso Amorim, manifestou-se contra a entrada da Venezuela no Brics, enfatizando que a inclusão de países com regimes autocráticos poderia desvirtuar os objetivos do bloco.
Impactos e Preocupações Internacionais
Os movimentos de certos países do Brics já estão suscitando debates em escala global. Diplomatas da ONU, em discussões reservadas em Nova York, expressaram preocupação com a possibilidade de o Brics se tornar um contrapeso à influência ocidental. A percepção é de que a falta de reforma na ONU, que poderia torná-la mais inclusiva, pode fortalecer ainda mais esse novo alinhamento antagonista.
Perspectivas para o Futuro
O Brasil também está avaliando suas relações internacionais com o olhar voltado para as eleições nos Estados Unidos, que ocorrerão em duas semanas, no dia 5 de novembro. A incerteza sobre o resultado das eleições é um fator que contribui para a cautela do governo. Com um histórico de afinidade com os democratas, uma possível vitória de Donald Trump poderia agravar as tensões entre o Ocidente e o Oriente.
Dessa forma, a postura adotada pelo Brasil reflete uma tentativa de equilibrar suas relações internacionais, evitando um alinhamento completo a uma agenda que possa gerar tensões com o Ocidente, enquanto busca reforçar a cooperação dentro do Brics.