Exames Necessários para Doação de Órgãos
No Brasil, além dos testes para HIV, todos os doadores de órgãos passam por uma série obrigatória de exames. Essa medida está prevista na legislação do Sistema Nacional de Transplantes, que faz parte do Sistema Único de Saúde (SUS). O principal objetivo desses testes é garantir a segurança dos pacientes que receberão os órgãos.
Tipos de Exames Requeridos
De acordo com a legislação vigente, os doadores devem ser submetidos a uma lista de exames que incluem:
- Teste para HIV
- Teste para HTLV (vírus linfotrópico de células T humanas)
- Teste para hepatite B
- Teste para hepatite C
- Teste para doença de Chagas
- Tipagem sanguínea ABO
- Hemograma completo
A lista completa e mais informações estão disponíveis no site do Sistema Nacional de Transplantes.
Segurança na Doação
Somente após a realização de todos os exames e a confirmação de que o doador está apto, é que os órgãos serão transplantados em pacientes que estão em lista de espera. Esses pacientes aguardam a oportunidade de receber um órgão que pode melhorar significativamente sua qualidade de vida, como nos casos de transplante de córnea, que pode restaurar a visão.
Casos de Infecção e Medidas de Segurança
A Dra. Raquel Stucchi, infectologista e membro da Comissão de Infecção em Transplantes, afirma que os doadores são obrigados a se submeter a testes para identificar riscos de transmissão de doenças através dos órgãos. Ela destaca a necessidade de ter os resultados dos exames em tempo hábil para processar a doação.
A médica faz parte da equipe de transplante de fígado do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e expressou preocupação sobre recentes infecções por HIV em pacientes transplantados no Rio de Janeiro. Segundo ela, esse tipo de ocorrência é inédito e muito grave, mas considera o caso isolado e em investigação, sem refletir na segurança do sistema como um todo.
Impedimentos para Doação
A presença de HIV no organismo dos doadores é um dos principais fatores que impede a doação de órgãos ainda em condições adequadas. Outros impedimentos incluem:
- Soropositividade para HTLV
- Presença de tuberculose ativa
A Dra. Raquel Stucchi ressalta que o sistema de transplante é regido por normas rigorosas, priorizando a segurança do paciente e da equipe médica. Ela expressa indignação pelo caso específico no Rio de Janeiro.
Transplantes no Brasil
O evento trouxe à luz os desafios enfrentados pelo maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células no mundo. Segundo dados do Ministério da Saúde, o Sistema Nacional de Transplantes financia cerca de 88% dos transplantes realizados no Brasil. Somente em 2023, foram realizados 28.533 transplantes.
No entanto, as filas de espera continuam longas. Atualmente, 44.816 pessoas aguardam por um transplante de órgão. Destas, a maioria (41.423) está à espera de um rim. O fígado é o segundo mais solicitado, com 2.321 na fila, seguido pelo coração, com 436 pessoas aguardando. São Paulo lidera com 21.601 pessoas à espera, enquanto o Rio de Janeiro ocupa o quinto lugar, com 2.157 pacientes.
A Importância da Doação
A Dra. Raquel Stucchi enfatiza a importância da doação, que pode salvar muitas vidas. Ela convida aqueles que estão inseguros após os recentes acontecimentos no Rio de Janeiro a procurar seus centros de saúde para tirar dúvidas e, se desejarem, repetir os exames.
“É um caso único e isolado”, assegura a médica, que reitera a segurança do sistema de transplantes.