Reunião dos Brics: Um Sinal de Apoio a Putin
Quase três anos após a invasão da Ucrânia pela Rússia, que resultou em condenações internacionais, o presidente Vladimir Putin está promovendo uma cúpula com mais de doze líderes globais. Isso indica que ele conta com o apoio de uma coalizão de países, desafiando a ideia de que está isolado.
Cúpula dos Brics em Kazan
A cúpula dos Brics, programada para três dias a partir de 22 de outubro na cidade de Kazan, representa a primeira reunião do grupo de economias emergentes — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — desde sua expansão, que agora inclui Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã.
Entre os líderes que devem participar estão:
- Xi Jinping (China)
- Narendra Modi (Índia)
- Masoud Pezeshkian (Irã)
- Cyril Ramaphosa (África do Sul)
- Recep Tayyip Erdogan (Turquia)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava inicialmente previsto para comparecer, mas cancelou sua viagem devido a uma lesão.
Encontro Sob um Novo Contexto Global
Este encontro será o maior evento internacional que Putin sediou desde o início da guerra em fevereiro de 2022. A cúpula destaca a crescente união de nações que buscam um novo equilíbrio de poder global e, em especial, a oposição ao Ocidente, liderado pelos Estados Unidos.
Putin e seu parceiro próximo, Xi Jinping, estarão enfatizando que, na verdade, é o Ocidente que se encontra isolado por suas sanções e alianças, enquanto uma “maioria global” de países apoia a visão de uma nova liderança no cenário internacional.
Influência dos Brics
Na última sexta-feira, Putin comentou sobre a influência crescente dos Brics, afirmando que sua colaboração pode ser um “elemento substancial da nova ordem mundial”. No entanto, ele negou que o grupo fosse uma “aliança antiocidental”.
A cúpula ocorre em um momento crítico, poucos dias antes das eleições nos Estados Unidos, onde uma possível vitória do ex-presidente Donald Trump poderia redefinir a política externa americana em relação à Ucrânia e seus aliados tradicionais.
Desafios e Oportunidades
A realização da cúpula em Kazan contrasta com a reunião do ano passado, em que Putin participou apenas virtualmente, impossibilitado devido a um mandado de prisão por supostos crimes de guerra. Este ano, a reunião ocorre em um contexto global que inclui a guerra na Ucrânia e o crescente conflito no Oriente Médio, que também será um tópico importante nas discussões.
Putin confirmou a presença do líder palestino Mahmoud Abbas, e é provável que ele utilize o descontentamento global em relação aos Estados Unidos, principalmente pelo apoio a Israel, para reforçar sua mensagem de uma nova ordem mundial sem a liderança americana.
Divisões e Integração nos Brics
Embora a reunião dos Brics possa oferecer oportunidades em termos de cooperação econômica e política, as diferenças de interesses entre os países membros dificultam a criação de uma mensagem unificada. O grupo, que foi formado inicialmente em 2009, sempre enfrentou tensões internas devido às distintas agendas políticas e econômicas de seus integrantes.
O crescimento das divisões geopolíticas, especialmente entre China e Índia, bem como as recentes tensões entre a Rússia e o Ocidente, acrescentam mais complexidade à identidade e direção dos Brics. Com mais de 30 países demonstrando interesse em se juntar ao grupo, a dinâmica interna pode se tornar ainda mais desafiadora.
Conclusão
A cúpula dos Brics em Kazan pode ser vista como uma oportunidade para discursar contra a hegemonia ocidental e reforçar a posição da Rússia no cenário global. Contudo, a diversidade de opiniões e interesses dos países presentes pode limitar a eficácia e a unidade das mensagens emitidas durante o encontro.