Criação de um Novo Grupo Criminoso
Desde 2023, a Polícia Penal do Rio de Janeiro confiscou quase 6 mil celulares pertencentes a detentos do grupo Povo de Israel (PVI), alvo da Operação 13 Aldeias, realizada em 22 de outubro de 2023. Este grupo criminoso foi fundado por indivíduos que foram expulsos de outras facções e se especializou em aplicar golpes utilizando celulares, mesmo dentro da penitenciária. De acordo com as investigações, o PVI movimentou aproximadamente R$ 70 milhões provenientes de extorsões nos últimos dois anos.
Apreensões de Celulares
Conforme informações da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap), em 2023, foram confiscados 3.792 celulares nas unidades prisionais sob o controle do PVI. O balanço parcial deste ano indica que 2.040 dispositivos foram retidos. Somente na operação de terça-feira, a Polícia Penal descobriu 66 telefones.
Influência e Estrutura do PVI
O Povo de Israel foi criado há cerca de 20 anos e atualmente exerce influência sobre 18 mil detentos em 13 unidades prisionais, conhecidas como “aldeias”. Esse número representa 42% da população carcerária.
Dentre os líderes do PVI que se encontram detidos e que são alvo da operação, estão:
- Marcelo Oliveira, conhecido como Tomate;
- Avelino Gonçalves, apelidado de Alvinho;
- Ricardo Martins, chamado de Da Lua;
- Jailson Barbosa, conhecido como Nem.
Modus Operandi dos Golpes
Os principais golpes realizados pelo PVI incluem:
- Falso sequestro: O preso realiza uma chamada para números aleatórios, fingindo ser um parente que está sob a mira de sequestradores. Quando a vítima acredita na história, outro detento entra na ligação e exige um resgate.
- Falsa taxa: Os detentos se passam por traficantes locais e entraram em contato com comerciantes, ameaçando-os com supostas dívidas e retaliações.
Localização das “Aldeias” do PVI
As “aldeias” do Povo de Israel estão distribuídas em várias unidades prisionais, incluindo:
- Benjamin de Moraes Filho, Complexo de Gericinó;
- Cotrim Neto, Japeri;
- Crispim Ventino, Benfica;
- Evaristo de Moraes, São Cristóvão;
- Hélio Gomes, Magé;
- José Antônio da Costa Barros, Complexo de Gericinó;
- Juíza Patrícia Acioli, São Gonçalo;
- Luis Cesar Fernandes Bandeira Duarte, Resende;
- Milton Dias Moreira, Japeri;
- Nelson Hungria, Complexo de Gericinó;
- Plácido Sá Carvalho, Complexo de Gericinó;
- Romeiro Neto, Magé;
- Tiago Teles de Castro Domingues, São Gonçalo.
Operação 13 Aldeias
A Operação 13 Aldeias, deflagrada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro em 22 de outubro de 2023, visa desarticular a quadrilha que realiza golpes do falso sequestro dentro dos presídios, afetando centenas de vítimas diariamente. A operação conta com a colaboração da Delegacia Antissequestro (DAS), do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e da Subsecretaria de Inteligência da Administração Penitenciária.
Ainda durante as investigações, agentes estão cumprindo 44 mandados de busca e apreensão, com foco em cinco policiais penais suspeitos de colaborar com os criminosos. As operações de busca estão sendo realizadas em diferentes localidades, incluindo Copacabana, Irajá, e em municípios como São Gonçalo e Maricá.
Base da Facção
A investigação aponta que o Presídio Nelson Hungria, localizado no Complexo Penitenciário de Gericinó, é considerado a “central da extorsão” do Povo de Israel. É importante ressaltar que o PVI não é associado ao Complexo de Israel, que é dominado pela facção Terceiro Comando Puro.
Os presos da facção têm um sistema de divisão de tarefas, onde aqueles responsáveis por adquirir celulares são chamados de “empresários”. Os que realizam as ligações para as vítimas são conhecidos como “ladrões”, e os que agem fora da prisão para movimentar o dinheiro são chamados de “laranjas”.
Descobriu-se, ainda, que a organização já possui ramificações em outros estados, como Espírito Santo e São Paulo, onde o dinheiro das extorsões é movimentado através de contas bancárias.