A Crise de Energia em Cuba
A partir da última sexta-feira, 18 de outubro, Cuba enfrenta uma severa crise de energia, resultando em um apagão que afetou cerca de 10 milhões de pessoas, ou seja, praticamente toda a população da ilha. No dia 21, o governo anunciou que gradualmente a energia estava sendo restabelecida, com 56% de Havana já recebendo eletricidade novamente.
O ministro de Minas e Energia, Vicente de la O Levy, afirmou que o fornecimento de energia estava previsto para ser retomado para a maior parte da população na noite de segunda-feira, com a expectativa de que o último cliente fosse atendido na terça-feira.
A Causa do Apagão
O apagão que atingiu Cuba teve sua origem na falha da principal usina elétrica da ilha, a usina Antonio Guiteras, ocorrida na sexta-feira ao meio-dia. Essa falha levou ao colapso do sistema elétrico em todo o país.
As autoridades cubanas atribuíram o problema a uma combinação de fatores, entre eles:
- Embargo econômico: O presidente Miguel Díaz-Canel responsabilizou o embargo dos Estados Unidos, alegando que ele impede a chegada de insumos e peças de reposição essenciais para as instalações elétricas.
- Aumento da demanda: O ministro O Levy também mencionou que a maior demanda por eletricidade, especialmente devido aos aparelhos de ar condicionado, contribuiu para os apagões.
- Escassez de combustíveis: O primeiro-ministro Manuel Marrero destacou que a escassez de combustíveis é um dos principais fatores que afetam a geração de energia na ilha.
Impactos na Vida Cotidiana
Os cubanos enfrentaram diversas dificuldades durante o apagão prolongado. Com a falta de eletricidade, muitos estabelecimentos comerciais e escolas foram forçados a fechar, e a escassez de água se tornou um problema devido à dependência de bombas elétricas.
Relatos de moradores indicam um aumento no desconforto e na frustração: “Ficamos sem eletricidade por três noites. Nossa comida está estragando”, lamentou Mary Karla, mãe de três filhos. Algumas famílias recorreram ao uso de lenha para cozinhar, enquanto a maioria dos lares vivia na escuridão.
Reações Populares e Críticas
A situação gerou protestos em várias áreas, como panelaços e bloqueio de ruas, especialmente em bairros mais carentes. Além disso, as críticas à gestão da crise energética não tardaram a surgir, com economistas e jornalistas destacando a falência do modelo de planejamento centralizado do governo cubano.
Entre as vozes críticas, Pedro Monreal, um economista, descreveu a situação como uma “ruína energética resultante do planejamento falho”. A jornalista Monica Baró também relatou que muitos cubanos, apesar da familiaridade com apagões, se sentiram despreparados para a gravidade da situação atual.
Perspectivas Futuras
Embora o governo tenha anunciado medidas de ajuda, como ofertas de suporte de países aliados, a crise energética é parte de um problema estrutural mais amplo que Cuba enfrenta há anos. Instituições dependentes de uma infraestrutura envelhecida e a diminuição das importações de petróleo têm contribuído para essa situação crítica.
Enquanto isso, os cubanos continuam a lidar com as consequências da falta de energia e a fragilidade do sistema, esperando por uma solução que traga de volta a normalidade.