Colapso Energético em Cuba
Milhões de cubanos enfrentaram a falta de energia elétrica pelo terceiro dia consecutivo neste domingo (20). Novas tentativas de restaurar o fornecimento de energia não tiveram sucesso durante a noite passada.
A União Elétrica Cubana informou que aproximadamente 16% do país teve energia elétrica restaurada, mas a rede elétrica, que já é antiga, ficou sobrecarregada novamente no sábado à noite. As autoridades não atualizaram a população sobre um prazo para a normalização do serviço.
Furacão Oscar e Seus Impactos
Esse é o terceiro apagão total da rede elétrica desde sexta-feira. A maioria da população de Cuba, que conta com cerca de 10 milhões de habitantes, ficou sem acesso à energia elétrica durante esse período.
Os esforços para recuperar o fornecimento de energia se tornam ainda mais desafiadores com a aproximação do furacão Oscar, que deve atingir o leste de Cuba, trazendo ventos intensos e ondas fortes, segundo meteorologistas.
Oscar fez seu primeiro desembarque na Ilha Inagua, nas Bahamas, apresentando ventos máximos de até 128 km/h, conforme as informações do National Hurricane Center. A previsão é de que o furacão chegue à costa nordeste de Cuba no final da tarde deste domingo. Embora se espere um enfraquecimento após o desembarque, Oscar pode ainda ser uma tempestade tropical quando se deslocar para o norte de Cuba na segunda-feira à noite, antes de atravessar o centro das Bahamas na terça-feira.
A Crise e Suas Consequências
O primeiro apagão em toda a ilha ocorreu na sexta-feira, quando uma das principais usinas de energia do país quebrou, de acordo com o ministério da energia. Horas depois, ao informar que a energia estava sendo lentamente restaurada, um segundo apagão nacional aconteceu na manhã de sábado.
Os constantes apagões podem agravar ainda mais a crise social em Cuba, onde a disponibilidade de água e a conservação de alimentos frescos dependem de um fornecimento de energia estável.
Situação dos Habitantes de Havana
Em resposta à situação, moradores de Havana começaram a compartilhar informações nos grupos do WhatsApp sobre as áreas que ainda contavam com energia elétrica. Muitas pessoas organizaram-se para armazenar medicamentos em geladeiras, aproveitando o breve fornecimento de energia de alguns locais ou o uso de geradores.
Em Havana, longas filas se formaram em frente aos poucos estabelecimentos que vendiam pão. Quando o pão acabou, houve reclamações e conflitos entre os que estavam na fila.
Muitos se questionavam em voz alta sobre a ausência do suporte de aliados tradicionais de Cuba, como Venezuela, Rússia e México, que até então vinham fornecendo petróleo essencial para o funcionamento do país.
Impacto no Turismo e na Saúde
Apesar da crise, turistas ainda circulavam pelas principais avenidas de Havana em carros clássicos dos anos 1950. No entanto, vários hotéis enfrentaram problemas com geradores esgotados. Um visitante estrangeiro relatou que o Aeroporto Internacional José Martí estava operando apenas com energia de emergência, o que causou retorno de passagens e falta de ar condicionado no terminal.
Repórteres relataram a ocorrência de pequenos protestos durante a noite de domingo, enquanto vídeos de manifestações em outros locais da capital também foram registrados.
As autoridades cubanas atribuíram essa crise energética a uma combinação de fatores, desde o aumento das sanções econômicas dos Estados Unidos até a recente passagem de furacões e o estado precário da infraestrutura do país.
Declarações do Governo Cubano
No intuito de esclarecer a situação, o primeiro-ministro cubano, Manuel Marrero Cruz, fez um discurso televisionado, que enfrentou dificuldades técnicas. Ele afirmou que boa parte da produção do país foi interrompida para gerar energia para a população, destacando que “estamos paralisando a atividade econômica para gerar (energia) para a população”.
O ministro da Saúde, José Angel Portal Miranda, informou que as unidades de saúde estão operando com o auxílio de geradores, e os profissionais de saúde continuam prestando serviços essenciais à população.