Aumento da Presença Feminina no Trânsito
Recentemente, a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) revelou que o número de mulheres proprietárias de motos quase dobrou nos últimos 20 anos. Atualmente, há cerca de 34,2 milhões de motos registradas no Brasil, com 28,4% pertencendo a mulheres. Apesar de ainda representar menos de um terço da frota total, essa cifra é 78,5% maior do que há duas décadas, quando as mulheres eram apenas 15,9% dos proprietários de motos.
Além disso, o número de mulheres habilitadas na categoria A ou AB cresceu de 6,04 milhões em 2014 para 9,8 milhões em 2024, embora esses dados sejam relativos aos meses de janeiro a agosto e possam já estar desatualizados.
Desafios no Dia a Dia
Apesar do aumento no número de motociclistas femininas, os problemas de assédio e machismo permanecem. Elas relatam experiências de desrespeito vindo de motoristas e até de outros motociclistas, que frequentemente são homens.
Experiências Pessoais
Bruna Baseggio
Bruna, proprietária da Juma Entregas, iniciou sua trajetória com bicicletas durante a adolescência, mas aos 18 anos comprou uma Honda Biz. Sua paixão por motos é impulsionada pela praticidade que elas oferecem no trânsito, permitindo que ela se desloque mais rapidamente.
A Juma Entregas cresceu significativamente, especialmente durante a pandemia, quando a demanda subiu de 400 para 1.000 entregas diárias. Bruna observa que muitas mulheres participaram desse crescimento, mas enfrentam desafios como assédio por parte dos clientes, que, após o atendimento, frequentemente fazem perguntas invasivas.
Tatiana Moura
Tatiana, profissional de relações públicas, compartilha que o preconceito é um desafio constante. Ela percebe que muitos homens tentam se exibir quando estão na presença de mulheres motociclistas, fazendo barulho com suas motos e, muitas vezes, cometendo atos de assédio, como pedidos de contato pessoal.
Daniela Karasawa
Daniela destaca que a competição de forças entre sexes é intensa no trânsito. Quando se depara com motoristas em veículos maiores, muitas vezes precisa adotar uma postura mais agressiva para garantir sua segurança. Ela começou a andar de moto após ganhar uma durante um concurso e, atualmente, considera reduzir seu uso, devido a preocupações de segurança, especialmente após se tornar mãe.
Crescimento do Público Feminino
As entrevistadas notaram um aumento considerável no número de mulheres andando de moto, especialmente no interior paulista. Daniela menciona que as mulheres agora têm mais oportunidade de compra, refletindo uma mudança cultural e social que favorece a presença feminina nesse segmento.
Desenvolvimento da Indústria
A indústria de motocicletas também tem se adaptado a essa nova realidade. A Honda, por exemplo, estima que cerca de 60% do público de sua scooter Elite 125 serão mulheres. Esta mudança demonstra não apenas a evolução no consumo, mas também o fortalecimento do empoderamento feminino no contexto da mobilidade.
A Yamaha, por sua vez, lançou o Programa Mecânica Yamaha para Mulheres, que capacita mulheres em questões técnicas relacionadas a motocicletas. Até agora, mais de 800 participantes se inscreveram, promovendo mais confiança e segurança entre as motociclistas.