Participação na Cybathlon
Na segunda-feira (21), a equipe do Projeto Empoderando Mobilidade e Autonomia (EMA), da Universidade de Brasília (UnB), embarcou para Zurique, na Suíça, para competir na Cybathlon. Este evento, que ocorre a cada quatro anos, é conhecido como “olimpíadas biônicas”. O torneio desafia equipes de todo o mundo a desenvolver tecnologias que podem ser incorporadas no cotidiano de pessoas com deficiência.
Modalidades da Competição
Neste ano, a Cybathlon conta com oito modalidades:
- Corrida de prótese robótica de braço
- Corrida com prótese de perna robótica
- Corrida com cadeira de rodas robótica
- Corrida com robô assistente
- Corrida com assistente de visão
- Corrida com interface cérebro-máquina
- Corrida de exoesqueleto
- Corrida de bicicleta com eletroestimulação funcional
O Atleta e seu Treinamento
Estevão Lopes representa Brasília na categoria de Corrida de Bicicleta com Eletroestimulação Funcional. Apesar de ser paraplégico, ele consegue pedalar utilizando estímulos artificiais que ativam os músculos. Estevão está envolvido com o Projeto EMA há dez anos e já participou das edições de 2016 e 2020 da Cybathlon. Ele sofreu uma lesão medular em 2012 devido a um tiro e perdeu os movimentos e a sensibilidade nas pernas.
A reabilitação de Estevão ocorreu no Hospital Sarah Kubitschek. Durante esse processo, ele foi introduzido ao mundo esportivo adaptado, experimentando diversas modalidades, como basquete em cadeira de rodas e natação paralímpica. Ele descreve sua experiência de forma inspiradora: “Quando entrei em um barco, pensei: ‘Cadê a minha limitação? Cadê a minha deficiência?'”.
A Corrida de Bicicleta com Eletroestimulação Funcional
Para a corrida, a equipe utiliza neuropróteses que estimulam diretamente os músculos do atleta. Os estímulos são feitos de maneira ritmada em diferentes músculos, permitindo a movimentação. Nos pedais, há sensores que detectam a posição dos pés. O computador de bordo processa essas informações e aciona o eletroestimulador no momento correto para ativar cada músculo.
A corrida conta com um controle híbrido, onde parte do movimento é automatizada, mas o atleta também controla a intensidade do estímulo e as marchas. O triciclo adaptado é ligado a um computador que realiza medições de velocidade, distância e tempo. A vitória é alcançada por quem completar dois quilômetros mais rápido ou quem percorrer a maior distância em oito minutos.
Preparação e Expectativas
O Projeto EMA participou da Cybathlon pela primeira vez em 2016 e, em 2020, participou de forma virtual devido à pandemia. Neste ano, uma equipe da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em colaboração com uma universidade francesa, também compete na mesma categoria.
Estevão se dedica intensamente aos treinos e possui um equipamento em casa que ajuda a fortalecer sua musculatura. Ele se sente em ótima forma: “Hoje, mesmo usando uma cadeira de rodas, a minha vida é mil vezes melhor do que era antes”, revela.
Outro participante de Brasília é Alexandre Peres, que está no projeto há dois anos. Ele expressa entusiasmo pela viagem e a oportunidade de aprender sobre novas tecnologias: “É o lugar com as maiores mentes no campo da reabilitação. Estou muito empolgado e focado no meu projeto”, compartilha.
Sobre o Projeto EMA
O Projeto EMA é uma iniciativa única da Universidade de Brasília que une diferentes áreas de pesquisa, como fisioterapia, educação física e engenharia. A equipe trabalha na descoberta de tecnologias assistivas, conhecidas como neuropróteses, que utilizam a eletroestimulação funcional para ativar músculos paralisados. O professor Roberto Baptista, coordenador do projeto, afirma que o objetivo é “usar tecnologias para melhorar o cotidiano de pessoas que, devido a lesões ou patologias, enfrentam paralisias nos membros superiores ou inferiores”.
Considerações Finais
O desenvolvimento de tecnologias como a proposta pelo Projeto EMA demonstra que, com pesquisa e dedicação, é possível promover autonomia e qualidade de vida a pessoas com deficiência.