Introdução ao Filme
O Aprendiz é um filme inusual e intencionalmente perturbador estrelado por Sebastian Stan. A obra narra a ascensão de um ex-presidente americano como empresário durante as décadas de 1970 e 1980, proporcionando uma história de origem que se assemelha à de um supervilão. A estreia do filme nos cinemas brasileiros ocorre nesta quinta-feira, dia 17.
Uma Narrativa Ambígua
Embora o filme tenha características de uma cinebiografia, sua proposta vai além disso, focando na formação de um personagem complexo e desagradável. O tom peculiar, que combina uma produção de baixo orçamento com um aprofundado estudo de personagem, é perfeitamente equilibrado entre a provocação e o entretenimento.
Estilo e Direção
As escolhas estilísticas, como o visual granulado típico dos anos 80, uma trilha sonora exagerada, e o desempenho marcante de Sebastian Stan como protagonista, são deliberadamente desconcertantes. O diretor iraniano Ali Abbasi, que participou do festival de Cannes com Holy Spider, e o roteirista Gabriel Sherman, conhecido por sua biografia sobre Roger Ailes, buscam provocar reflexões com essa obra, possivelmente inspirados pela filosofia do próprio Trump.
Desempenhos e Dinâmica
Com uma duração de duas horas, o filme apresenta altos e baixos. Ele possui momentos prolongados e instáveis, especialmente durante a ausência de Jeremy Strong, que interpreta Roy Cohn, o advogado ambicioso e sem escrúpulos que se torna mentor do jovem Trump. A relação entre os dois personagens e os ensinamentos controversos oferecidos são fundamentais para a narrativa.
Críticas ao Capitalismo e ao Sonho Americano
O filme ilustra as atividades ilícitas de Cohn e Trump como partes integrantes do capitalismo e do sonho americano. A trama se desenrola em um contexto desconfortável, onde as ações questionáveis dos protagonistas contrastam com seu êxito. É retratada a imagens de um golpista medíocre que, mesmo em suas falcatruas, não consegue esconder sua autossuficiência e celebra seu próprio sucesso.
Impacto e Controvérsias
A representação de Trump no filme é complexa e pode incomodar seus apoiadores. O personagem é mostrado de maneira patética, bajuladora e criminosa, sem passar por uma jornada de redempção. Por outro lado, a obra não é isenta de críticas. A cena polêmica de agressão sexual em relação à sua primeira esposa, interpretada por Maria Bakalova, levanta questionamentos sobre o momento da estreia, em meio a uma das corridas presidenciais mais competitivas da história americana.
Conclusão
Apesar das controvérsias, O Aprendiz não se propõe a alcançar uma mensagem complexa. Seu foco primordial é provocar desconforto no espectador. Em sua ousadia, ele se destaca como uma reflexão crítica sobre a figura de Trump, estabelecendo um incômodo que se destaca dentre as produções deste ano.