Silêncio na Sala de Aula
Neste cenário educacional, o silêncio após perguntas como “Alguém ficou com alguma dúvida?”, “Gostaria de acrescentar algo?” ou “Querem que eu retome alguma ideia?” costuma ser um sinal preocupante. Ao se virar para a turma, o professor percebe que muitos alunos já abandonaram seus cadernos e estão imersos em seus celulares, desconectados do que está sendo ensinado.
Desafio do Uso dos Celulares
No contexto do Dia dos Professores, a necessidade de encontrar soluções para lidar com essa situação se torna evidente. Pesquisadores afirmam que o uso de celulares em sala de aula é um dos maiores desafios para a melhoria do ensino. É essencial criar condições adequadas e proporcionar capacitação para os educadores.
A Necessidade de Formação
Segundo o professor Gilberto Lacerda dos Santos, do Departamento de Educação da Universidade de Brasília (UnB), o papel do educador é multifacetado. Ele deve assegurar o aprendizado tradicional ao mesmo tempo em que integra novas tecnologias de forma atrativa.
Lacerda dos Santos acredita que a formação inicial e a educação continuada são fundamentais para os professores diante dos desafios atuais. Ele defende que políticas públicas devem garantir essa formação e apoio: “A sala de aula não pode estar desconectada dos nossos dias. Os professores precisam ser valorizados. Eles representam o cartão de visitas de uma instituição de ensino. São os profissionais que vão formar os cidadãos”.
Desafios Nacionais e Internacionais
Com experiência na Europa, onde é pesquisador visitante no Museu de História Natural da França, Lacerda dos Santos observa que os desafios enfrentados no Brasil são semelhantes aos da Europa no que diz respeito ao uso de tecnologias educacionais. Ele ressalta que, assim como em outros contextos, a docência deve ser considerada uma carreira de Estado, equiparada a outras profissões públicas respeitáveis.
A Epidemia dos Celulares
O pesquisador Fábio Campos, do Laboratório de Aprendizagens Transformadoras com Tecnologia da Universidade de Columbia (EUA), aponta que a presença de celulares em sala de aula representa um grande desafio. Ele expressa sua preocupação sobre a necessidade de uma lei de proibição e menciona um movimento global que sugere a restrição do uso desses aparelhos, considerando os problemas crescentes de saúde mental, como ansiedade e depressão: “Por mais que eu ache que é um fracasso social, a gente tem que proibir.”
Campos defende que o tema precisa ser mais debatido e aprimorado. Ele comenta sobre a pandemia, que obrigou todos a utilizarem tecnologias digitais para aprendizado, e lamenta que o Brasil não tenha criado uma política nacional para o uso da tecnologia na educação: “É triste.”
Regras para Uso dos Celulares
Uma pesquisa realizada em agosto deste ano pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), revelou que seis em cada dez escolas de ensino fundamental e médio impõem regras sobre o uso de celulares. Em 28% dessas instituições, o uso do aparelho pelos estudantes é completamente proibido.
Adicionalmente, em 2023, a Unesco divulgou o Relatório de Monitoramento Global da Educação, que discutiu o papel das tecnologias e os riscos associados à exposição prolongada às telas.