Situação da Pobreza na Argentina
Atualmente, mais da metade da população da Argentina vive abaixo da linha da pobreza, o que representa um cenário alarmante para o país. Dois em cada três crianças se encontram nessa condição, dependendo da assistência do governo e de refeitórios comunitários para se alimentar.
Relato de Noelia
Noelia, uma mãe de 38 anos, compartilha sua realidade com os três filhos: “Os salários não são suficientes para comer, e o auxílio estatal também não”, diz ela ao buscar um recipiente com polenta e molho de tomate no refeitório Pequeños Valientes, localizado no bairro de El Claro, em Benavidez, uma das áreas mais populosas e carentes da Grande Buenos Aires.
Aumento da Demanda por Ajuda
María José Games, fundadora do refeitório, relata que, no último ano, o número de famílias em busca de apoio quase dobrou. “Antes da pandemia, ajudávamos cerca de 70 famílias. Agora, já são mais de 130, e ainda temos uma lista de espera”, explica.
Rosa, uma mulher de 57 anos, também frequentadora do refeitório, revela que, em dias sem atendimento, sua família só consome erva-mate com pão. Essa situação é comum entre as quase 25 milhões de pessoas que vivem em condição de pobreza, de acordo com relatório do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec).
Impacto nas Crianças
O quadro se agrava quando focamos nas crianças: mais de 66% das que têm menos de 14 anos são consideradas pobres. Um estudo da Unicef revela que um milhão de crianças vão dormir sem jantar todos os dias. O acesso a alimentos nutritivos ficou inviável para muitas famílias.
- “Não comemos carne. Apenas macarrão com queijo,” relata Noelia.
- Os refeitórios, que dependem em parte de doações, já não conseguem oferecer refeições balanceadas.
Cenário Econômico e Aumento da Pobreza
A pobreza na Argentina teve um crescimento significativo durante o governo de Javier Milei, somando mais de 11 pontos percentuais em apenas seis meses. Isso significa que, nesse curto período, mais de 5 milhões de pessoas passaram a viver na pobreza, com 3 milhões enfrentando a indigência.
Razões por trás do Crescimento da Pobreza
Esse aumento é amplamente atribuído à alta inflação e à desvalorização do peso argentino. Desde 2023, a inflação disparou, e os preços dos alimentos subiram mais de 50% em três meses. As decisões do governo, incluindo cortes e ajustes fiscais, têm gerado um impacto direto na vida da população.
Desigualdade no Mercado de Trabalho
Um grande número de trabalhadores na Argentina vive em condições de informalidade, onde cerca de 70% desses trabalhadores estão abaixo da linha da pobreza. Além disso, 30% dos trabalhadores formais também enfrentam dificuldades.
Apoio Governamental e Desafios Persistentes
Embora haja programas sociais em vigor, muitos questionam a eficácia desses auxílios em atender as necessidades da população em situação de vulnerabilidade. O governo, por outro lado, argumenta que as medidas ajudam a reduzir a pobreza.
Futuro Incerto
A esperança em um futuro melhor foi destacada pelo governo, que afirma que os índices econômicos mostraram sinais promissores. Porém, muitos cidadãos permanecem céticos. Gisela, mãe de cinco filhos, expressa sua frustração: “Embora a ajuda tenha aumentado, os preços subiram ainda mais. Não é suficiente.”
Assim, a Argentina enfrenta o desafio de oferecer um futuro mais promissor para milhões de crianças que crescem em um ambiente de precariedade e dependência do auxílio estatal.