Tratamento Dentário para Mulheres Vítimas de Violência
Desde 2012, mais de 1.400 mulheres já buscaram tratamento para restauração dentária na organização “Apolônias do Bem”, fundada pelo dentista Fábio Bibancos, em São Paulo. Este projeto é apoiado por dentistas voluntários que se dedicam a atender mulheres que sofreram violência de gênero.
A Organização e seus Profissionais
O grupo “Apolônias do Bem” conta com mais de 14 mil profissionais distribuídos em 19 estados do Brasil e no México. O nome da organização é uma homenagem a Apolônia, a santa dos dentistas, que, segundo a tradição católica, sofreu torturas que resultaram na extração de seus dentes sem anestesia, mar mostrando a dor e a humilhação que vivenciou.
História de Terezinha dos Santos
A confeiteira Terezinha dos Santos é um exemplo de como a violência de gênero pode afetar a saúde bucal. Aos 17 anos, ela se casou com o vizinho, mas apenas quatro meses depois, começou a sofrer agressões. Mesmo após o nascimento de sua primeira filha, a violência não cessou.
Terezinha relatou: “Quando eu tomava um murro na boca, o rosto incha, muda toda a sua face. Então, meu dente foi abrindo cada vez mais e, ao mesmo tempo, foram descendo. Esse tipo de coisa foi me reprimindo de falar, às vezes eu não falava, numa reunião de trabalho. Eu acho que o que incomodava mais ele, hoje eu sei disso, é que ele me achava muito bonita, ele queria estragar meu rosto.”
Tratamentos e Apoio Psicológico
As mulheres que procuram a “Apolônias do Bem” enfrentam diversos problemas odontológicos decorrentes das agressões. De acordo com a dentista Neirimar Curi, “Elas vêm com ausência de dentes, dentes quebrados, com dores, dores de canal e esteticamente muito comprometidas. Terminando o tratamento parece que renasce.”
A organização também oferece apoio psicológico para as vítimas, reconhecendo que a questão da saúde bucal está profundamente ligada ao bem-estar emocional e psicológico.
Legislação e Direitos das Mulheres
No dia 09 de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma nova lei que aumenta a pena mínima de prisão para crimes de feminicídio, passando de 12 para 20 anos, com possibilidade de chegar a 40 anos em casos mais graves.