Produção de Ostras na Ilha de Florianópolis
A ostra japonesa é uma das espécies mais cultivadas e consumidas no Brasil. Na ilha de Florianópolis, em Santa Catarina, o empresário Leonardo Cabral Costa realiza o cultivo de aproximadamente oito milhões de sementes de ostras, que são os moluscos que serão vendidos quando atingirem o tamanho ideal.
O litoral sul do Brasil é responsável por 90% da produção nacional de ostras, o que justifica o título de “capital nacional das ostras” atribuído à região. Segundo o Governo de Santa Catarina, a produção anual supera 1.300 toneladas.
Espécies e Adaptação ao Clima
Embora o Brasil tenha algumas espécies nativas, como a Crassostrea rhizophorae, conhecida como ostra-de-mangue, a ostra mais consumida é a do Oceano Pacífico. Esta última exigiu adaptações para se ajustar ao clima tropical. A Crassostrea gigas, também chamada de ostra-japonesa, chegou ao Brasil na década de 1980 e passou por um processo de seleção genética para suportar os meses mais quentes.
- A ostra-japonesa é valorizada por seu rápido crescimento e pela qualidade de sua carne.
- Enquanto a ostra nativa pode levar mais de um ano e meio para atingir o tamanho adequado para a venda, a ostra-japonesa alcança esse patamar em apenas quatro meses.
Processo de Cultivo
Depois de receber as ostras em tamanho pequeno, inicia-se um processo de cultivo no mar. As etapas incluem:
- Assentamento em cilindros;
- Crescimento em estruturas chamadas de “travesseiros”, que aceleram o desenvolvimento;
- Transferência para lanternas, onde as ostras engordam antes de serem vendidas.
Ainda que todas as ostras venham do mesmo local e sejam tratadas de forma semelhante, elas crescem em ritmos diferentes, possivelmente devido a fatores como a localização nas estruturas de cultivo, que influencia a disponibilidade de alimento.
Características da Ostra-Japonesa
A ostra-japonesa não só é comercializada em tamanhos menores, mas também pode atingir até 25 centímetros. A espécie prefere áreas com alta salinidade e é reconhecida pelo seu sabor delicado e textura suculenta.
Alimentação e Reprodução
A Crassostrea gigas se alimenta, principalmente, de fitoplâncton e detritos orgânicos, filtrando os materiais suspensos na água. A qualidade da água e a disponibilidade de fitoplâncton têm um impacto direto em sua saúde e produtividade.
Na natureza, a reprodução das ostras ocorre por fecundação externa, onde os indivíduos liberam gametas na água. Após a fecundação, forma-se uma larva que, após cerca de 20 dias, busca um substrato para se fixar e se transformar em uma ostra adulta.
Produção Sustentável
A introdução de espécies exóticas costuma trazer riscos ao ecossistema local, mas a ostra-japonesa se destaca por ser uma produção orgânica. Não requer alimentação artificial e não necessita de medicamentos, segundo o pesquisador Cláudio Blacher.
Além disso, a espécie não representa uma ameaça ao meio ambiente, pois a instalação de áreas de cultivo de ostras contribui para o aumento da biodiversidade marinha, criando ambientes protegidos que suportam variadas formas de vida associadas.
Na fazenda de Leonardo, as máquinas utilizadas no cultivo funcionam com energias limpas, como eólica e solar, e o material excedente, como conchas, é reaproveitado no artesanato local e na construção civil.