Retorno do X no Brasil
A rede social X, que anteriormente era conhecida como Twitter, voltou a operar no Brasil após cumprir as exigências do Supremo Tribunal Federal (STF). Um despacho do ministro Alexandre de Moraes, datado de 8 de outubro, deu luz verde para a reabertura da plataforma no país, após a empresa cumprir as ordens de bloqueio de contas e pagamento de multas.
A suspensão temporária do X ocorreu em 31 de agosto, após a plataforma não indicar um novo representante legal no Brasil dentro do prazo estipulado pelo STF. Moraes havia solicitado que a empresa cumprisse várias determinações, incluindo a exclusão de contas envolvidas em atividades consideradas criminosas ou antidemocráticas.
A mudança de postura do X
Inicialmente, o X havia declarado que não atenderia às exigências, mas a situação mudou posteriormente. Os advogados que representam a empresa no Brasil confirmaram que todas as solicitações judiciais seriam atendidas, nomeando a advogada Rachel de Oliveira Villa Nova como representante legal e bloqueando os perfis indicados.
Antes de autorizar o desbloqueio, o ministro Moraes exigiu provas de que a representação da empresa estava em conformidade com a lei. Além disso, ele solicitou que órgãos como a Receita Federal e o Banco Central compartilhassem informações sobre o funcionamento da rede social e o acesso aos usuários previamente bloqueados.
Pressões econômicas na decisão
Após a confirmação de que a empresa cumpriria as determinações, especialistas sugeriram que a mudança de atitude do X foi motivada, principalmente, pela pressão de investidores e parceiros comerciais, em vez de uma mera concessão política.
- Roberto Kanter, professor da FGV, destacou a “prepotência corporativa” da plataforma, que pode ter superestimado sua influência no Brasil.
- A Starlink, empresa de internet via satélite do bilionário Elon Musk, também foi impactada pelas dificuldades do X, tendo suas contas bancárias bloqueadas para garantir o pagamento das multas aplicadas.
A pressão em torno da Starlink piorou quando surgiram rumores sobre um possível bloqueio das operações no Brasil. A empresa acabou cumprindo as determinações da justiça, mas uma multa diária significativa foi imposta devido ao não cumprimento temporário de uma ordem judicial relacionada ao X.
A relevância do Brasil no mercado
O Brasil, com cerca de 22 milhões de usuários do X, representa uma fatia significativa do mercado, embora ainda esteja atrás de países como Estados Unidos e Japão. Apesar de não ser o maior mercado, a relevância da plataforma é reconhecida, uma vez que o país ocupa o terceiro lugar no uso de redes sociais no mundo, apenas atrás da Índia e da Indonésia.
De acordo com informações da Anatel, o X já foi um dos principais meios de investimento do mercado publicitário brasileiro. Com a chegada da plataforma em 2008, novas possibilidades de interação entre pessoas e marcas foram criadas, tornando-se um espaço privilegiado para influenciadores e formadores de opinião.
Impacto sobre a Starlink
A atuação da Starlink no Brasil é considerada fundamental para os negócios de Musk. Em um ano e meio, a empresa passou de quinta a primeira posição no mercado de internet via satélite, ocupando 45,9% do segmento. Isso se deve à sua eficiência e preço acessível, principalmente em regiões remotas.
A Starlink se firmou também como parceira essencial de diversos órgãos públicos, contratando operadoras credenciadas para prestar seus serviços. O contrato mais expressivo até agora foi firmado com a Petrobras, somando US$ 24 milhões.
As Forças Armadas do Brasil apontam a dependência do país em relação à Starlink, destacando a importância da conexão em regiões remotas e a relevância econômica que a empresa representa para o Brasil.