Falece o Poeta Antonio Cicero
O renomado poeta Antonio Cicero, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), faleceu na quarta-feira, dia 23, aos 79 anos. Ele enfrentava o mal de Alzheimer e tomou a decisão de passar por um procedimento de morte assistida na Suíça.
A Despedida
Cicero deixou uma carta de despedida que foi revelada por seu companheiro, o figurinista Marcelo Pies. O casal se encontrava em Zurique, na Suíça, para a realização do procedimento.
Segundo Pies, Cicero já havia planejado a morte assistida “há algum tempo”, contando com o apoio da associação Dignitas, uma entidade suíça que oferece esse tipo de assistência a pessoas com doenças terminais ou graves. Ele fez questão de manter seus planos em sigilo e expressou o desejo de ser cremado.
Na carta, Cicero menciona que sua memória estava se deteriorando, dificultando até mesmo a recordação de eventos recentes. Ele optou pela “eutanásia” como forma de “morrer com dignidade”.
Morte Assistida e Eutanásia
A morte assistida, também conhecida como suicídio assistido, é um procedimento que termina a vida de um paciente que enfrenta problemas graves de saúde ou doenças terminais, mas que ainda tem capacidade de decidir sobre seus cuidados e tratamentos.
- Uma equipe médica fornece os medicamentos necessários para o procedimento;
- O paciente é quem administra a dose fatal.
É importante frisar que a morte assistida é frequentemente confundida com a eutanásia, mas existem diferenças significativas:
- Na eutanásia, a equipe médica é responsável por administrar a dose fatal ao paciente.
Na Suíça, o suicídio assistido é legal desde que não seja realizado por motivos egoístas. No entanto, a eutanásia não é reconhecida pela legislação suíça e permanece ilegal.
A Carta de Antonio Cicero
Cicero compartilhou seus sentimentos de forma tocante em sua carta:
“Queridos amigos, Encontro-me na Suíça, prestes a praticar eutanásia. O que ocorre é que minha vida se tornou insuportável. Estou sofrendo de Alzheimer. Assim, não me lembro sequer de algumas coisas que ocorreram não apenas no passado remoto, mas mesmo de coisas que ocorreram ontem. Exceto os amigos mais íntimos, como vocês, não mais reconheço muitas pessoas que encontro na rua e com as quais já convivi. Não consigo mais escrever bons poemas nem bons ensaios de filosofia. Não consigo me concentrar nem mesmo para ler, que era a coisa de que eu mais gostava no mundo. Apesar de tudo isso, ainda estou lúcido bastante para reconhecer minha terrível situação. A convivência com vocês, meus amigos, era uma das coisas – senão a coisa – mais importante da minha vida. Hoje, do jeito em que me encontro, fico até com vergonha de reencontrá-los. Pois bem, como sou ateu desde a adolescência, tenho consciência de que quem decide se minha vida vale a pena ou não sou eu mesmo. Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade. Eu os amo muito e lhes envio muitos beijos e abraços!”