Cúpula do Brics e o Fortalecimento do Grupo
A Cúpula entre os líderes e representantes do Brics está marcada para esta quarta-feira (23). Segundo Roberto Dumas, professor de economia chinesa do Insper, o grupo tem ganhado força com uma perspectiva de resistência ao Ocidente.
A Conferência de Bretton Woods e suas Implicações
Em entrevista, Dumas menciona a importância da Conferência de Bretton Woods, que estabeleceu o sistema financeiro global atual. Os acordos desse encontro resultaram na criação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, instituições que enfrentam críticas por sua falta de representatividade em relação aos países em desenvolvimento.
O professor destaca: “Pelo menos usando a narrativa dos fundadores do grupo do Brics, existe o interesse de projetar uma nova governança global no pós-Bretton Woods. Vários países não conseguem impor seus pesos geopolíticos como gostariam nessas instituições.”
Ele observa também: “Então, se eu não consigo entrar num clube, que eu monte um clube, como é o caso do banco dos Brics.”
O Contexto Histórico da Criação do Sistema Financeiro
Após a devastação da Segunda Guerra Mundial e a recuperação da Crise de 1929, economistas de 44 países se reuniram para redesenhar o sistema financeiro internacional, caracterizado por recessão e escassez de crédito.
Os acordos resultaram na definição de um sistema de taxas de câmbio fixas, no qual as moedas eram atreladas ao dólar americano, que, por sua vez, era respaldado pelo ouro. Esse padrão perdurou até 1971, quando o presidente dos EUA, Richard Nixon, suspendeu a conversibilidade do dólar em ouro.
Apesar das mudanças ao longo dos anos, as instituições criadas na conferência continuam a ser as principais entidades financeiras internacionais. No entanto, há uma percepção de que elas não evoluíram suficientemente para atender às necessidades do mundo atual.
O Papel do Novo Banco de Desenvolvimento
Fundado em 2014 durante a Cúpula do Brics em Fortaleza, o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) tem como objetivo principal estimular investimentos em países emergentes. Atualmente, uma das discussões em andamento no bloco é a possibilidade de criar uma moeda comum, visando diminuir a dependência do dólar.
Brics: Um Grupo em Direção a Multipolaridade
Dumas ressalta que o Brics, por meio de suas decisões e direções, se estabelece como um grupo “anti-Ocidente”. Inicialmente composto por China, Rússia e Índia, o grupo agora inclui a África do Sul e, entre seus mais recentes integrantes, países como Irã, Etiópia, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Egito.
Ele afirma: “Se isso não é um grupo anti-Ocidente, não sei o que é. Logo, não vamos viver mais em um mundo unilateral, mas multipolarizado, com vários países no meio das discussões importantes.”